Há décadas, os candidatos não debatem o excesso de burocracia do setor público e a ineficiência de muitas estruturas administrativas, voltadas aos interesses dos detentores do poder que se sucedem. Outro tema esquecido: a carga tributária superior a 35% do Produto interno Bruto, em sua maior parte destinada à sustentação do establishment, como ocorre nos países socialistas.
Com as mãos vazias
Dirigentes descumprem a promessa: não são poucos os candidatos que caíram no conto da verba de auxílio para as campanhas. Conselho aos que se consideram vítimas: em 2024, exijam documento com assinatura, valor exato e datas dos repasses. Não haveria sobre o que comentar se o dinheiro tivesse como origem renda própria de cada partido. Porém, os R$ 4 bilhões e 900 milhões do Fundo Eleitoral saem do bolso de cada brasileiro que paga impostos. Aí, complica.
Ritmo de país rico
Dados do Tribunal Superior Eleitoral mostraram que, nas campanhas à Presidência da República, em 2010, os três principais candidatos gastaram R$ 266 milhões. Mais do que o prêmio da Mega-Sena da Virada daquele ano, que somou R$ 224 milhões.
Os gastos seguem nas alturas.
Sem limites
A dimensão das disputas eleitorais deste ano pode ser medida pelo que lideranças e militantes dizem sobre os adversários: ladrões, babacas, ingênuos, otários, retrógrados, desprezíveis e por aí vai.
Reta final
Serão mais 11 dias com exercícios de equilibrismo no trapézio e piruetas para a plateia, em boa parte blindada contra propostas fantasiosas, sem demonstrar a existência de recursos para concretizá-las.
Depois, às urnas.
Reino das conveniências
O Brasil tem um pluripartidarismo de fachada. Tudo se resume a cinco, talvez seis partidos. Sem tradição de respeito a ideologias e princípios, os demais adaptam-se a arranjos provinciais e até municipais em troca de cargos em ministérios, autarquias, estatais e secretarias. Acomodados, não se esforçam para melhorar. Sabem que, a cada dois anos, o balcão de negociações é reaberto.
Interesses individuais
O passe livre para o vale-tudo das coligações entre os partidos envergonha os que interpretam a política como atividade séria. Só os dirigentes não ficam constrangidos. Adversários de eleições anteriores tornam-se, subitamente, grandes aliados e comemoram, revelando vocação congênita ao compadrio.
Exemplo
Ainda sobre alianças: nos Estados Unidos, o Partido Democrata foi fundado em 1828. Passados 26 anos, surgiu o Republicano. Persistem até hoje. Nunca se soube de migração um para o outro e muito menos coligações com siglas menores. Quando um filiado decide se inscrever, não faz por acaso ou interesse pessoal. Conhece o programa e se identifica. É a chamada coerência.
Por um lugar na vitrine
Basta olhar com mais atenção para perceber as cotoveladas de papagaios de pirata nos palanques de candidatos a cargos majoritários.
Não querem comunicar
A direção nacional está tão interessada no êxito da candidatura de Simone Tebet que a última atualização de notícia no site mdb.org.br ocorreu a 15 de agosto.
Unido
Trecho de artigo do ex-senador Jarbas Passarinho publicado no jornal O Estado de Minas, a 17 de janeiro de 2006: “Na Constituinte, reconheci um partido sem nome, porém o mais coeso: o composto pelos economistas. A ideologia não os separava. Votavam juntos, José Serra e Delfim Netto, César Maia e Francisco Dornelles, a esquerda e a direita.”
Em que planeta está?
O programa 60 Minutes, da rede CBS, surgiu em 1968 e é um dos mais assistidos de costa a costa nos Estados Unidos. O presidente Joe Biden escolheu como cenário para anunciar que a pandemia acabou. Dados oficiais comprovam que a Covid-19 ainda mata 400 norte-americanos por dia.