s resultados de ontem demonstravam a fraude praticada por institutos de pesquisa. A distância entre o que divulgaram em seus levantamentos ao longo de meses e a manifestação nas urnas constituem crime.
O pior é que serão criticados por dois ou três dias e, como em eleições anteriores, o episódio cairá no esquecimento.
Para desvendar
O Congresso Nacional, as Assembleias Legislativas e entidades da sociedade civil, como a Ordem dos Advogados do Brasil, deveriam tomar a iniciativa de revelar como funcionam os institutos, os critérios de escolha dos entrevistadores e quais os interesses que defendem. O Ibope e o Gallup por muitos anos realizaram pesquisas e desapareceram pelo acúmulo de erros. Os atuais não podem continuar ludibriando o País.
Desprezaram o principal
A proximidade da Copa do Mundo permite que se lembre uma crítica dirigida por muitos torcedores ao técnico da seleção: errou na escalação. O mesmo vale em relação aos candidatos: deixaram de escalar temas vitais. Exemplo: nem de longe se referiram aos orçamentos dos Estados e da União, que são elaborados em salas fechadas por tecnocratas. Nem os políticos participam como deveriam. Mesmo que tenham a prerrogativa constitucional, não se justifica o afastamento da sociedade.
Jogo do poder
Os tecnocratas entregam pratos feitos aos Legislativos. O sistema, que mantém distante a população, foi o responsável pela pesada conta de mais de R$ 5 trilhões da dívida pública. Fica comprovado: assim não dá. O que impediria que representantes de empregadores e empregados, de profissionais liberais, entre muitos outros, acompanhassem, pelo menos como ouvintes ou elementos consultivos, o preparo da peça orçamentária?
Indispensável
O passo seguinte, que exige maior participação, é a execução dos orçamentos. Os governos arrecadam quase 40% do Produto Interno Bruto. É o que sai do bolso de cada um brasileiro para os cofres públicos. Parte fica no meio do caminho, não chegando ao destino.
Não pode persistir
O placar eletrônico, que acompanha o valor sonegado desde 1º de janeiro deste ano, registrava, às 6h e 15min de hoje, R$ 472 bilhões e 695 milhões. O acompanhamento é realizado pelo Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional. O acesso se dá pelo endereço: quantocustaobrasil.com.br.
A constatação é evidente: há necessidade urgente de uma reforma tributária para impedir que o dinheiro dos impostos não fuja pelo ralo. Os candidatos desconheceram o problema, preferindo bater boca sobre o que não ajuda o País.
Transtornos
As longas filas eram previsíveis e algumas medidas poderiam ser tomadas para evitá-las. Integrantes do alto escalão da Justiça Eleitoral, porém, estavam mais preocupados com o uso de tornozeleiras eletrônicas por parlamentares inexpressivos.
Missão impossível
É preciso reconhecer o esforço do Tribunal Superior Eleitoral que anunciou a criação de força tarefa para conter as notícias falsas espalhadas pelas redes sociais. Como se previa, conseguiu retirar poucas mensagens. O Brasil tem hoje mais de 500 milhões de dispositivos digitais, somando smartphones, computadores, notebooks e tablets. Disparar informações com ou sem fundamento tornou-se um hobby. Acredita quem quer.
Precisa mudar
Há consenso de que a atual forma dos debates em rádios e TVs se esgotou. Os problemas dos estados e do país não serão resolvidos com perguntas de um minuto, respostas em dois minutos, réplicas e tréplicas de segundos. O máximo que se consegue aferir é a velocidade dos candidatos para escapar de armadilhas. Torna-se tempo quase perdido.