Repetirei pela enésima vez o que já disse no Cruzando as Conversas e no Portal RDC: precisamos de testes em massa. Não se sabe qual a real dimensão que o coronavírus ganhou em nosso país.

A subnotificação, mais do que uma política de Estado, parece revelar uma estratégia política de escamoteamento da doença. Voamos no escuro, apenas presumindo com base nos registros oficiais, que já são elevados o suficiente. Se não vemos o problema, então não existe. Mas existe.

Dos 46 milhões de testes prometidos pelo Governo Federal, apenas 11,3 milhões foram de fato entregues. O Brasil é o segundo país do mundo com maior número de casos e mortes por coronavírus, atrás apenas dos EUA. Entre os países mais afetados, somos o segundo que menos testa, segundo informações do site Worldometers. Até aqui, a média que ostentamos é de 12.603 testes por milhão de habitantes.

Segundo o Imperial College, o Brasil registrou apenas 34% das infecções causadas pela doença. Outras projeções indicam que podemos ter até 10 vezes mais casos do que os números oficiais informam.

O coronavírus continua crescendo porque não sabemos como fazer isolamento social efetivo. A testagem em massa, que seria a ferramenta adequada para isso, que possibilitaria retirarmos das ruas as pessoas contaminadas, continua não sendo utilizada, com exceção de alguns governos de pequenos municípios do interior.

É bom deixar claro: enquanto não mudarmos de ação, condenaremos qualquer flexibilização das medidas restritivas ao completo fracasso. É por isso que estamos nessa situação de abre e fecha dos negócios, brincando de colorir com mapas enquanto acumulando tantos os prejuízos econômicos quanto os prejuízos sociais.

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