Zona do perigo

“Estamos nas mãos de Queiroz”. Poderia ser a manchete de muitos jornais hoje. A estabilidade política do país passa a depender do que dirá o assessor do deputado Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro até 2018. Fabrício Queiroz, preso ontem, foi exonerado e entrou no rol dos investigados por participar de suposto esquema de divisão de salários dos servidores do gabinete.

Personagem obscuro

Ao imbróglio acrescenta-se que Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, afirmou por duas vezes, no ano passado, desconhecer o paradeiro de Queiroz. Ontem, o acusado estava numa propriedade de Wassef.

Capítulo das explicações

O presidente Bolsonaro teve de suspender a agenda de ontem. Convocou os principais auxiliares para traçar a estratégia de reação. Um dos desafios do Planalto é justificar o papel de Wassef no caso.

Com a palavra…

A partir de agora, surge a dúvida: Queiroz relatará os fatos apurados ou vai desmentir as investigações? O mais provável é que tome o caminho da segunda hipótese. De qualquer modo desgasta o governo e levou o presidente a dizer que “se trata de vingança da Polícia Federal.” A frase basta para provocar uma pororoca.

Nuvens pesadas

A circunstância é única: um país mergulhado em tragédia, com número muito alto de mortes, a Economia parada, empresas quebrando, desemprego assustador, falta de dinheiro e um caso nebuloso que bate à porta do presidente da República. Os jornais estenderam o plantão de repórteres, que era de 12 para 18 horas diárias.

Nenhum outro país passa por isso.

Sobrou

Abraham Weintraub foi dispensado ontem. Entrou no Ministério da Educação para criar uma briga por dia. Acabou vitimado pela tática.

Não adianta esconder

A despesa com pagamentos a aposentados e pensionistas continua a mesma, mas a arrecadação cai fortemente com o desemprego. O governo federal precisa informar publicamente sobre o balanço da Previdência Social.

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há mais de 20 anos, comprovam que 50 por cento da força de trabalho no país não contribui.

Nova queda

O Banco Central reduziu a taxa Selic em 0,75 ponto percentual na reunião encerrada quarta-feira. A meta agora fica em 2,25 por cento ao ano. O Comitê não descartou a possibilidade de novos cortes. Caso necessários, serão pequenos.

Em janeiro deste ano estava em 4,5 por cento.

Cenário difícil

Economistas prevêem a manutenção da taxa de 2,25 por cento até julho de 2021. O pano de fundo para a expectativa se baseia no balanço de riscos entre a combinação de inflação baixa e fraca atividade econômica.

Ninguém segura

A dívida pública brasileira, que era de 75 por cento do Produto Interno Bruto, chegará ao final deste ano a mais de 90 por cento. O endividamento do setor privado, especialmente das empresas, será muito mais elevado também.

Conta sobe

A redução da taxa ajudaria a diminuir o pagamento de juros do governo federal. Hoje, chegará a 170 bilhões de reais na contagem do placar eletrônico jurometro.com.br, iniciada a 1º de janeiro deste ano.  A queda não ocorrerá porque o governo federal teve de aumentar muito o endividamento para enfrentar os graves efeitos da pandemia.

Muda o conceito

Administradores começam a debater o tema jornada de trabalho. Muitos já estão convictos: não é o número de horas de permanência nas empresas que define a produtividade e a qualidade do que os funcionários fazem.

Aos que estão na fila

Após Celso de Mello, que entrará na aposentadoria compulsória a 1º de novembro deste ano, o próximo a abrir vaga no Supremo Tribunal Federal será Marco Aurélio Mello. A 12 de julho de 2021 completará 75 anos. Caberá ao presidente Jair Bolsonaro fazer a segunda nomeação no seu mandato. Em 2023, Ricardo Lewandowski e Rosa Weber também deixarão o Supremo.

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