Efeito

Num dos raros momentos de folga para um cafezinho, em um hospital lotado de Porto Alegre, médicos comentavam ontem: a única certeza é de que o novo ministro da Saúde sofrerá dores de cabeça. Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich tentaram seguir orientação científica e se deram mal.

Aceitará ou não?

A primeira dúvida é saber se o ministro Queiroga admitirá a carta lançada por um grupo de governadores, pedindo a criação de um comitê para conduzir o combate à pandemia. A iniciativa reúne sugestões e caminhos que podem ser assimilados pelo governo federal. Chama-se pacto nacional em defesa da vida e da saúde.

Quadro difícil

O Brasil tem cerca de 8 mil intensivistas para mais de 30 mil leitos. Formar médicos leva tempo. Aos seis anos do ciclo básico, somam-se dois de residência e outros dois de especialização.

Para não ir a nocaute

A expressão baixar a guarda teve origem no boxe. Quando o lutador não se defendia bem, ia para o chão, beijando a lona. Depois, passou a ser usada em muitas outras circunstâncias. Durante a pandemia, é o que os governadores fazem diante das dificuldades brutais: não baixam a guarda. Alertam para evitar aglomerações, usar máscara e se vacinar, reduzindo a pressão sobre os hospitais.

Não entende

O líder do governo na Câmara, deputado federal Ricardo Barros, ao comentar ontem o número de mortes por milhão de habitantes no Brasil e a quantidade de vacinados, disse que a situação do país “é até confortável”. Precisa com urgência abrir um dicionário para saber o significado de confortável. Talvez venha a compreender  que o quadro é trágico.

Deve vir uma avalanche

No período em que julgou casos da Lava Jato, o juiz Sérgio Moro proferiu 46 sentenças. Condenou 123 réus a 1.861 anos de prisão. Advogados se preparam para questionar muitas das decisões.

Desandou

Roberto Jefferson, presidente do diretório nacional, revela preferências. Foi a um presídio do Rio de Janeiro, no dia 25 do mês passado, para o deputado federal Daniel Silveira assinar ficha no PTB, que ele abonou. Esta semana, desbanca com um telefonema a direção do partido no Rio Grande do Sul. Já tinha tomado a mesma atitude, tendo como alvos os diretórios de Pernambuco e do Paraná. Perdeu a bússola e pegou a onda do autoritarismo.

É o costume

O Congresso Nacional promulgou, segunda-feira, a emenda constitucional que permite ao governo federal pagar, em 2021, novo auxílio emergencial para a população vulnerável afetada pela pandemia. Era óbvio que aconteceria. Muitos parlamentares, porém, gostam de aproveitar a ocasião para muitos discursos, dando a impressão de serem os autores da medida que coube ao Executivo. A maioria da população não cai no conto, mas entende a encenação.

Vai balançar

Hoje, ao final da reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, haverá o anúncio da taxa básica de juros, a Selic. Atualmente em 2 por cento, a expectativa do mercado é de retomada do ciclo de elevações após seis anos, como forma de conter a inflação.

Preponderância da Constituição

Completaram-se ontem 15 anos da posse do ministro Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal, em sessão solene aberta pelo então presidente da Corte, ministro Nelson Jobim. Na ocasião, Lewandowski defendeu que o Supremo não pode julgar conforme a conjuntura do momento, pois tem a Constituição Federal como norte. O novo integrante foi indicado pelo presidente Lula e ocupou a vaga do ministro Carlos Velloso.

Repercutiu

Dentre os inúmeros processos relatados pelo ministro Lewandowski, destaca-se a ordem concedida no Habeas Corpus coletivo em favor de todas as mulheres presas gestantes, puérperas e mães de crianças de até 12 anos ou responsáveis pelos cuidados de pessoas com deficiência. Além de garantir o direito de as crianças não nascerem na prisão e de terem o acompanhamento das  suas mães durante a infância, pela primeira vez um Habeas Corpus coletivo foi aceito no Supremo.

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