Inconsistentes

O economista Roberto Campos costumava dizer: “Infelizmente, o Brasil não perde uma oportunidade de perder oportunidades.” A eleição para presidência da Câmara dos Deputados, que se realiza hoje à noite, comprova. Nenhum dos prováveis vencedores apresentou programa útil ao país.

Grande parte dos parlamentares oferece votos, exigindo em troca cargos bem remunerados e recursos para seus currais eleitorais. Alguns são sinceros, dizendo que “os apoios são pragmáticos, não programáticos.”

Cuidam de interesses pessoais

 Os candidatos à presidência da Câmara poderiam se comprometer com o embate contra setores do poder público refratários ao rigor da austeridade ou anunciar que se opõem à prepotência de intervenções desenfreadas no setor privado.

Preferem ficar nas frivolidades.

Vitória de Marchezan

A 26 de fevereiro de 1981, o deputado federal Nelson Marchezan, do PDS, elegeu-se presidente da Câmara. Somou 224 votos contra 187 de Djalma Marinho, candidato dissidente do mesmo partido. Ao receber o cargo do deputado Flávio Marcílio, da bancada do PDS do Ceará, Marchezan prometeu lutar pelo restabelecimento das prerrogativas do Congresso, que foi o principal ponto da campanha de seu adversário. Sob aplausos do plenário, disse que o Parlamento só cumpriria sua tarefa se pudesse fiscalizar com eficiência a aplicação das leis que elabora.

Pela primeira vez na história da Câmara dos Deputados, todos os seus integrantes (eram 420) compareceram à votação.

Outra vez

Marchezan, em fevereiro de 1983, passou a presidência a Flávio Marcílio, que voltou a exercer o cargo que ocupou de 1979 a 1981.

Vê-se de longe

Durante a pandemia, faltam doses de sensatez à política de saúde pública brasileira.

Equivocados

A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e outras entidades da área se manifestaram em nota. Ressaltaram que “o aval do governo brasileiro para a compra da vacina da AstraZeneca, fora do contrato com a Fiocruz/Ministério da Saúde, é nada mais do que uma autorização oficial para inutilizar o esquema de prioridades elaborado pelo próprio governo. Caso houver essa compra, será a oficialização do fura fila”.

Não se trata de uma competição.

Linha superada

A Abrasco se filia à tese de que o Estado tudo sabe, tudo pode e tudo faz. Com a atual crise, dá para notar…

A iniciativa de empresas privadas, que pretendem comprar 33 milhões de doses da vacina, vai desonerar os cofres públicos. Imunizada, parte da população retomará as atividades, diminuindo as filas junto às agências da Caixa Federal em busca do auxílio emergência.

Tem mais

A posição da Abrasco lembra os partidos que rejeitam a entrada da iniciativa privada na área de saneamento básico, sob alegação de que é atribuição exclusiva do poder público. Por falta de dinheiro, as obras dos governos não saem do papel. Enquanto isso, grandes parcelas da população brasileira convivem com esgoto a céu aberto e suas consequências danosas à saúde.

Confiável

A Universidade Johns Hopkins, fundada em 1876 pelo empresário cujo nome identifica a instituição, mantém hoje o site mais acessado em todo o mundo sobre a pandemia. A instituição norte-americana tem 26 cursos com foco em pesquisa e ciência. Dos 26 mil alunos, 20 mil estão na pós-graduação.

Querem distância

Depois dos professores estaduais, os da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro também decidiram, no sábado, pela deflagração de greve contra o retorno das atividades presenciais. Lideranças sindicais de outros estados acompanham de perto, propensos a seguir o mesmo caminho.

Não é só no Brasil

Manchete do jornal Clarin, de Buenos Aires, ontem: “Idas e voltas com a demora. Governo argentino entra num labirinto sobre vacina contra Covid-19.”

Vão fracassar

Líderes da Associação Nacional do Transporte Autônomo do Brasil, que representa 4 mil e 500 caminhoneiros em todo país, afirmam que não veem problema em fazer greve durante a pandemia.

Só uma perguntinha: em que planeta transitam?

Reaquecimento

A indústria da construção civil se anima: levantamento realizado em dezembro pela Datastore Series, que mede a demanda imobiliária, mostra que 13 milhões e 400 mil famílias brasileiras pretendem comprar um imóvel nos próximos 24 meses. É o maior patamar do século 21.

Perdas e danos

Com base na Relação Anual de Informações Sociais, do Ministério do Trabalho, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo concluiu: na década passada, o Brasil perdeu 21 mil livrarias e papelarias. No Rio Grande do Sul, foram fechadas 2 mil e 449.

O poeta goiano Iúri Godinho definiu com precisão: “Não existe civilização sem livrarias.”

Safra cheia

A maioria dos novos prefeitos eleitos segue dando passadinhas na feira para pegar cestas de abacaxis. Quando chegam a seus gabinetes, alguns revelam a vocação para diretor de cinema, porque não param de repetir: “Corta, corta”.

Tese indefensável

O Supremo Tribunal Federal abre hoje os trabalhos de 2021 após o período de recesso. Na pauta de julgamentos deste mês , estão ações que questionam a proibição da venda de bebidas alcoólicas às margens de rodovias federais. É tema que jamais deveria chegar ao Supremo. O bom senso e as estatísticas demonstram que motoristas embriagados perdem os reflexos, provocam acidentes e matam.

Exemplo

Dois mil feirantes de Belo Horizonte farão curso para ter acesso às diversas plataformas de vendas on-line, permitindo que comercializem os produtos também pelos meios digitais. A iniciativa da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico vai minimizar os impactos com as suspensões de atividades presenciais causadas pela pandemia.

Especialistas

O que políticos radicais sabem fazer: quando estão no poder, desestruturam a Economia. Fora dele, organizam manifestações de rua com sincronia das escolas de samba.

São exímios na tarefa de enganar as massas. A receita é conhecida: algumas promessas, retórica sedutora e uma pitada de ódio.

Não faltaria matéria-prima

Jean de La Fontaine viveu na França, de 1621 a 1695, e se tornou o mais famoso autor de fábulas. Se morasse hoje em Brasília, escreveria a segunda parte de cada uma de suas criações: A Cigarra e a Formiga; o Lobo e o Cordeiro; a Lebre e a Tartaruga; Raposa e a Uva, entre outras. Personagens continuam vivos.

Foram ao caixa

No ano passado, 53 por cento dos brasileiros pediram empréstimo pessoal. Pesquisa realizada pela fintech Bom Pra Crédito mostrou algumas das destinações: investir em um negócio (19 por cento); comprar um veículo (7 por cento); reformar um imóvel (6 por cento), compras comuns (4 por cento) e adquirir um imóvel (3 por cento).

Pergunta

O escritor carioca Luiz Carlos Lisboa sempre insistiu no sonho de pessoas comuns: viver em uma sociedade confiável, em que os grandes e pequenos espertos encontrem o mesmo freio numa lei justa e que se faça cumprir com rigor e rapidez.

É pedir demais?

Efeito da suspensão

Este ano, o tradicional argumento usado por governos de que “vamos resolver depois do Carnaval” jogará soluções para 2022.

Segredo: o capitalismo de Estado

A China era um país pobre até as reformas econômicas de 1978. Seu Produto Interno Bruto per capita ficava, naquele momento, abaixo da média dos países asiáticos e da maioria dos africanos. Em 40 anos, a China aumentou o PIB em quase 50 vezes.

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