Não dá para ignorar
O governo federal está desatento a um argumento que oportunistas usam cada vez mais: é preciso aumentar os preços, antecipando a inflação futura para efeito de reposição de estoques. Pela ganância do lucro fácil podem promover danos irreversíveis à estabilização construída desde o Plano Real.
Prazos
Quando era senador, Fernando Henrique Cardoso escrevia artigos e fazia conferências, afirmando que “o combate à inflação deve se basear na estratégia de uma guerra prolongada, sem a falsa pressa dos planos salvadores”. Equivocou-se. Chegando à Presidência da República, derrubou a inflação com rapidez.
O que falta?
O desafio: encontrar algum parlamentar que negue o fato de que o sistema tributário brasileiro é complexo e obsoleto. Está nas mãos de Suas Excelências a solução do problema que se arrasta. A cada ano, sopram mais uma velinha do bolo do descaso.
Não custa perguntar
Será que os candidatos à Presidência da República se sentirão importunados se tiverem de eleger como temas prioritários na campanha eleitoral o crescimento econômico e a inflação baixa?
Desprezo à rapidez
A medida provisória que facilita a compra de vacinas e insumos necessários à vacinação contra a Covid-19 será o destaque da pauta do plenário da Câmara dos Deputados na próxima quinta-feira. Ela dispensa licitação e prevê regras mais flexíveis para os contratos.
Era assunto para votação hoje, mas os parlamentares não têm pressa, enquanto a população clama por vacinas. Ficam arraigados à pergunta: por que facilitar, se dá para complicar?
Quer esconder
A equipe da Organização Mundial da Saúde foi à China investigar as origens da pandemia e bateu com a cara na porta. Em entrevista à agência Reuters e aos jornais The New York Times e Wall Street Journal, o microbiologista Dominic Swyer, integrante do grupo, relatou as dificuldades para obter informações.
Os países, vítimas da pandemia que matou 2 milhões e 300 mil pessoas, não podem ficar calados.
Em cima do muro
O site do diretório nacional do PSDB silencia sobre o pré-lançamento da candidatura do governador Eduardo Leite à Presidência da República. Mesmo assim, noticia com destaque a mensagem do Executivo do Rio Grande do Sul à Assembleia Legislativa, defendendo a continuidade das reformas e do ajuste fiscal.
No reino da distribuição de favores
O artigo 165 da Constituição Federal é claro: “As emendas individuais serão aprovadas no limite de 1,2 por cento da receita corrente líquida prevista no projeto encaminhado pelo Poder Executivo”.
Emendas não no sentido de corrigir faltas ou defeitos. Tornaram-se uma fórmula de sucesso para garantir prestígio e votos.
Deram um torniquete
Por muitos anos, senadores e deputados federais precisaram estender o chapéu nos guichês do Ministério da Fazenda para obtenção das verbas de emendas. As manobras envolviam raposismo, caciquismo e clientelismo. O para-te quieto do Congresso foi dado com a aprovação, em 2015, da lei que obriga o Executivo a pagar de forma automática. Acabou o jogo que o Executivo fazia usando a regra abominável: aprove nossos projetos que assinaremos as emendas parlamentares.
Há 25 anos
O Banco Central, a 15 de fevereiro de 1996, anunciou alteração na banda cambial. A cotação oficial mínima do dólar, que era de 91 centavos, passou para 97 centavos. A máxima, de 99 centavos, foi para 1 real e 6 centavos.
Atrás do dinheiro
Confiança demasiada: o governo federal criou o Finsocial em maio de 1982 como tributo provisório e todos acreditaram. Está vivo até hoje, tendo apenas mudado o nome para Cofins.
Sonham
Será bom que o artigo 9º da Constituição de 1824 não chegue ao conhecimento de muitos parlamentares em Brasília. Dizia: “A pessoa do imperador é inviolável e sagrada; ele não está sujeito a responsabilidade alguma.” Vão querer voltar no tempo, propondo um projeto com conteúdo semelhante e abrangendo a si próprios.
Todo o cuidado é pouco
Pesquisadores sérios, que usam o telefone com fins profissionais, estão sofrendo. Não é difícil compreender o temor de parte da população ao atender um chamado. Durante a pandemia, cresceu muito a quantidade de golpistas treinados que visam extrair vantagens.
Longe de um porto seguro
A oposição no país segue desnorteada. Perdeu o mapa, a bússola e o comando em mar tempestuoso.
Dois lados
A extinta revista Visão publicou, no começo de 1992, pesquisa realizada durante 12 anos na Universidade de Campinas. Conclusão: a fala dos papagaios é um reflexo condicionado, entendido como estresse e tristeza. Afastados dos bandos e vivendo presos, quando emitem sons sinalizam forte estado depressivo, consequência de viverem afastados do habitat natural.
No sentido contrário, muitos políticos que fazem promessas irrealizáveis mostram-se sempre livres, sorridentes e satisfeitos.
Pausa para os festejos
O Carnaval atípico no Brasil coincide com 15 dias de paralisação de atividades na China para comemorar o ano novo. Os trabalhadores do regime que mistura comunismo com capitalismo vão compensar nos domingos ao longo de semanas.
Tempo de criatividade
Em 1932, Lamartine Babo compôs e Mário Reis gravou Linda Morena, cantada até hoje. Trecho inicial: “Linda morena, morena / Morena que me faz penar / A lua cheia que tanto brilha / Não brilha tanto quanto o teu olhar.”
Nas últimas décadas, por indigência dos autores e voracidade da indústria do som, as marchinhas de Carnaval tornaram-se pobres e descartáveis.
Ídolo das torcidas
Lamartine Babo compôs também os hinos de clubes do Rio de Janeiro: América (seu preferido), Vasco da Gama, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Bangu, São Cristóvão, Madureira, Olaria, Bonsucesso e Canto do Rio.
Caixa registradora vai trancar
Cálculos do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, apontam que o Rio de Janeiro perderá cerca de 5 bilhões e 500 milhões de reais este ano com o cancelamento do Carnaval.
Há 30 anos
No Carnaval de 1991, dois fatos se destacaram no noticiário:
1º) Ronald Biggs desfilou no Sambódromo como destaque de uma escola. Ganhou notoriedade por ter participado do assalto a um trem na Inglaterra, em 1963, que tomou 2 milhões e 600 mil libras esterlinas, equivalentes a 4 milhões e 200 mil dólares. Com passaporte falso, chegou ao Brasil em 1970, passando a frequentar altas rodas da sociedade carioca.
2º) Em Belém do Pará, 20 bandidos fortemente armados realizaram o maior assalto da história do país até então. Levaram 3 bilhões de cruzeiros da agência central do Banco do Brasil, sem precisar disparar um tiro.
Tiro na água
A ala festiva do Partido Democrata sabia que não tinha o número necessário de votos para aprovar o pedido de abertura do impeachment de Donald Trump, mas insistiu. A tentativa frustrada dá fôlego ao ex-presidente. A invasão do Congresso, porém, é crime que não pode ficar impune.
Avaliação tardia
A 15 de fevereiro de 1956, o 20º Congresso do Partido Comunista Soviético começou a soterrar o mito do ditador Joseph Stalin, que ficou no poder de 1941 a 1953. Os ataques foram liderados pelo sucessor Nikita Kruschev em discurso de cinco horas, relatando as atrocidades. Dez dias depois, foi divulgado o documento final de condenação. Historiadores calculam que Stalin determinou a morte de, no mínimo, 1 milhão de pessoas, incluindo conflitos armados, doentes abandonados e fome.
