Retrato do momento
Os jornais, sábado, destacaram: “Há um mal-estar no ar com a reeleição no Congresso, que se faz de omisso. No Supremo Tribunal Federal, brigam doutrinas jurídicas tradicionais, neoinventadas ou feitas sob medida.”
No final da tarde de ontem, veio a decisão: o STF decidiu, em plenário virtual, que os atuais presidente da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, não podem se candidatar à reeleição para os postos em 2021.
O Congresso é reconhecidamente omisso em outros temas de muito maior importância. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, que chegou ao Congresso em abril, e o Orçamento de 2021, que aportou em agosto, tomam poeira em prateleiras sem previsão de votação.
Onde está o foco
A maioria dos parlamentares faz o que mais sabe: cuida dos seus interesses, quer dizer, do próprio quintal. Quanto ao Judiciário, cumpre o papel de resolver problemas que outros preferem terceirizar.
Desproporcional
O orçamento federal de 2021 prevê 63 bilhões e 400 milhões de reais para gastos com custeio da máquina, como pagamento de contas de luz, combustíveis, água e aluguéis. Na rubrica de investimentos públicos constam apenas 28 bilhões e 700 milhões. Sobre a grande diferença, os parlamentares silenciam.
Não têm mais o que fazer
Há uma única chapa inscrita para concorrer à presidência da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Mesmo assim, a Câmara dos Deputados fará, às 14h de quarta-feira, audiência virtual sobre o assunto. Talvez surja, ao final, a proposta de construção de uma piscina próxima ao plenário para os momentos de relaxamento…
Fuga constante
A partir da próxima semana, 26 mil contribuintes serão notificados por indícios de sonegação no total de 14 bilhões de reais entre janeiro de 2018 e dezembro de 2019. São empresários que declaram pelo Simples Nacional. Segundo o Fisco, informaram valores de receitas que não condizem com as notas fiscais que emitiram.
Mesmo assim, o Congresso se recusa a enfrentar a reforma tributária, que já deveria ter aprovado há muitos anos. Se isso ocorresse, estaria produzindo resultados. Um deles: tapar furos que permitem o desvio de dinheiro destinado aos cofres públicos.
Visão distorcida
É uma grande ilusão pensar que as empresas absorvem sozinhas a carga tributária sem transferir para os consumidores.
Resume tudo
A inflação, uma ameaça constante, é o mais odioso dos impostos, uma tributação altamente regressiva por atingir os mais pobres do que os ricos.
Como ficará divisão
A partir de 1º de janeiro, as 5 mil e 570 câmaras municipais estarão compostas por 39 mil e 276 vereadores de centro-direita; 9 mil e 992 de centro esquerda e 7 mil e 34 de extrema direita.
Labirintos
Muitos prefeitos, antes da posse, avaliam a necessidade de eliminar a centralização administrativa, ingrediente que emperra tudo.
Cuidados redobrados
Com o aumento assustador do número de golpes que tentam aplicar via Internet, a conclusão é uma só: a vida digital não é para os desavisados.
Medo
A Romênia realizou ontem eleições legislativas e os resultados saem hoje. A estimativa é de que a pandemia provocou abstenções que atingiram 60 por cento.
Sem devaneios negacionistas
Com o calor, a máscara incomoda? Dificulta a comunicação? É parte do esforço necessário e coletivo de proteção e autocuidado.
Tradicional desobediência
No começo de dezembro de 1985, o noticiário destacou resistências às iniciativas do governo federal para combater mordomias. Uma das medidas foi restringir apenas a ministros e secretários-gerais o uso de automóveis oficiais. Burocratas de segundo e terceiros escalões passaram a usar placas frias nos veículos para burlar a ordem, o que levou o ministro da Administração, Aluízio Alves, a ameaçar com demissões.
Em Brasília, eram 2 mil e 273 veículos, mais 31 mil e 519 em todo o país. Não é difícil imaginar o custo…
Comprovado
A maioria dos brasileiros sabe: no bojo da demagogia há sempre um desastre iminente.
Questão de tempo
A História do Brasil não pode se resumir a ser a do País que cansou de esperar pelo futuro.
