Uma ponta de ironia
Na primeira manifestação como prefeito eleito de Porto Alegre, ontem à noite, Sebastião Melo agradeceu ao Ibope. No final da tarde de sábado, o Instituto divulgou pesquisa em que ele tinha 49 por cento da preferência e Manuela d’Ávila, 51.
Ligou o despertador
Ao final da contagem dos votos, Melo obteve 54,63 por cento e Manuela 45,37. O candidato do MDB tem a certeza de que o resultado da pesquisa, difundido por rádios, TVs e redes sociais, despertou o seu eleitorado que, em parte, absteve-se no 1º turno. Durante as horas seguintes à divulgação, a mobilização dos simpatizantes de Melo foi intensíssima para reverter.
Não podem ficar impunes
Mais uma vez, as pesquisas erraram de forma gritante. Os partidos não pedem investigação dos métodos dos institutos, temendo vingança na eleição seguinte. Mesmo assim, alguma medida precisa ser tomada. As distorções influenciam, começando por uma prática conhecida: muitos eleitores votam no 1º colocado, sob argumento de que não gostam de desperdiçar o voto.
Mar tempestuoso
O bolsonarismo sai enfraquecido das eleições municipais. Somaram-se equívocos. Um deles: recuar da intenção de criar o Aliança pelo Brasil, quando todas as condições eram favoráveis. Outro: apoiar em cima da hora candidatos que acabaram mal sucedidos nas urnas. A corrida do presidente Jair à reeleição carece de revisões, começando pela redução das áreas de atritos.
Em busca da fórmula
O desempenho nas capitais, aquém da tradição, ressuscita a tese de refundação do PT, defendida por Tarso Genro em 2005, quando presidiu o diretório nacional. Estava no auge a crise que se abateu sobre o governo Lula pelo envolvimento no mensalão. José Dirceu liderou frontalmente a rejeição à proposta. O ex-governador, que está afastado das atividades do partido, será procurado nas próximas semanas.
Motor desacelerou
A perda de protagonismo nos grandes centros, em mais uma eleição, faz o PDT ter diminuídas as chances de conseguir apoios de outros partidos à candidatura de Ciro Gomes à Presidência da República.
Deve parar e revisar
Carlos Lupi passou a presidir o PDT nacional em 2004. Desde então, afastou-se algumas vezes para exercer outros cargos por algum tempo, mas todas as decisões sempre passaram por ele. Cada vez fica mais comprovado que não é o melhor maestro na cena política.
Regra do jogo
A maioria dos candidatos aprendeu que campanha eleitoral é igual a ônibus lotado. Basta levantar o pé que o adversário coloca o dele.
Em meio a dificuldades
Não adianta optar pelo coro das lamentações. A partitura para os derrotados, como acontece há décadas, deve ser reagir ou sucumbir.
Descendo do palanque
O primeiro grande problema dos novos prefeitos será compatibilizar velocidades: as receitas sobem de escada e as despesas usam o elevador. Saberão também que todo o nó tem duas pontas soltas. Precisarão comprovar que o mito da solução de palanque funciona. Além disso, terão de extrair benefícios da escassez.
Reprise do filme
Nas sedes dos partidos vencedores, surgirão os que estão a um grito do poder: chamou, chegou. O time é conhecido pela sigla LC (Loucos por Cargos). Seus integrantes dormem só com um olho fechado. O outro fica atento à cesta de secretarias municipais.
Zelar por todos
Hoje é o Dia Síndico, atividade comparável a dos prefeitos. Devem resolver problemas no dia a dia com paciência e organização para fugir da rota da insolvência.
Escolha
Futuros prefeitos mostrarão habilidade se “pularem a parte dos poréns, indo logo aos entretantos”, como ensinou o filósofo Odorico Paraguassú.
Não anda tão mal
Prefeitos de todo o país recebem hoje o último repasse do mês do Fundo de Participação dos Municípios. Serão 2 bilhões e 660 milhões de reais. Crescimento de 12 por cento em relação ao valor total repassado em novembro de 2019. Faz parte do célebre passeio do dinheiro dos impostos a Brasília. O retorno se dá em conta-gotas.
Dois focos
Os eleitores foram às urnas preocupados com a Covid-19. Os partidos esperaram apreensivos pelos resultados prevendo os efeitos para 2022.
Abre-se o guichê de apostas
Animado com vitórias em capitais, o DEM começará a aquecer três candidaturas ao Palácio do Planalto: Luiz Henrique Mandetta, ex-ministro da Saúde; Ronaldo Caiado, governador de Goiás, e Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados.
Leva o Troféu Proeza
O Tesouro do Estado deposita hoje o valor integral de cada um dos 340 mil vínculos com servidores. Corresponde a 100 por cento da folha de pagamento. Há 57 meses ocorriam atrasos.
Regime sem liberdade
A jornalista chinesa Zhang Zhan pode pegar de quatro a cinco anos de prisão por publicar notícias sobre a pandemia de coronavírus no seu país. Ela foi detida há seis meses, acusada de “provocar distúrbios e criar problemas”, crime atribuído a críticos e ativistas políticos na China. Zhang será julgada por um tribunal em Xangai. As informações foram divulgadas pela ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD) no Twitter.
Desceu a ladeira
O boletim Focus, editado pelo Banco Central em janeiro, previa: 2020 começou novamente com boas expectativas de crescimento para a Economia. A expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto é de 2,3 por cento. Para o comércio varejista, as expectativas voltaram a ser superiores a 3 por cento. A pandemia derrubou tudo e o desempenho será negativo.
Prova de competência
A 30 de novembro de 1994, o presidente eleito Fernando Henrique Cardoso anunciou que o presidente do Banco Central, Pedro Malan, seria ministro da Fazenda do seu governo. Ficou oito anos no cargo, evitando que o dragão da inflação voltasse.
Segue a novela
O Tribunal de Filadélfia rejeita o enésimo recurso de Trump para impedir que Biden seja presidente. Foi o mais recente revés judicial do republicano, que leva o Troféu de Insistente do Ano, em sua tentativa de reverter o resultado das eleições.