Notícias dos jornais de 23 de agosto de 1954:

“Vargas diz ao ministro da Aeronáutica que jamais daria exemplo de covardia, renunciando ao governo sob pressão.”

“Tudo pronto para a passeata de hostilidade ao presidente.”

“Carlos Lacerda, líder da oposição, está em lugar incerto.”

“Presidente diz que só deixará o Palácio do Catete morto.”

“A situação é extremamente grave”.

Na manhã do dia seguinte, Vargas deu um tiro no peito.

Empurrão a mais

O editorial do jornal O Estado de São Paulo, que fazia forte oposição a Vargas, disparou um torpedo a 23 de agosto de 1954: “Para as dificuldades, criadas pelos seus capangas e pela sua família, dificuldades que lhe tornaram impossível o exercício das funções governamentais, o sr. presidente da República só tem uma solução: a renúncia ao cargo.”

Incompatíveis

De 25 de março de 1940 a 6 de dezembro de 1945, a família Mesquita, proprietária de O Estado de São Paulo, foi obrigada a ficar afastada da direção. O jornal passou às mãos dos interventores da ditadura Vargas.

 

Reprise

            O conflito do presidente Jair Bolsonaro com a Imprensa não é novidade. Em setembro de 2010, o comentarista Carlos Chagas escreveu e jornais do centro do País publicaram:

            “Mais uma vez o primeiro-companheiro investe contra a Imprensa. Generaliza, como se os meios de comunicação do país inteiro se limitassem a três jornais do eixo Rio-São Paulo, além de uma revista semanal que não poupa seu governo.  Exagerou ao reivindicar, num palanque em Campinas, que ele, Dilma e o PT são a opinião pública, negando a propalada categoria dos ‘formadores de opinião’, no que pareceu correto.”

Conclusão

Prosseguiu Carlos Chagas: “A Imprensa é apenas informadora, ou seja, quem se forma é a própria sociedade, estimulada por diversos fatores, um dos quais o de ser bem informada de tudo o que se passa nela de bom e de mau, de certo e de errado, de ódio e de amor.”

Território do exagero

“A convivência entre os Poderes exige aproximação e cooperação, atuando cada um nos limites de sua competência, obedecidos os preceitos estabelecidos em nossa Carta Magna”, afirma a nota do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, publicada no final de semana. Vale também para Alexandre de Moraes, que tem exorbitado no que lhe incumbe como ministro do Supremo Tribunal Federal.


Grandeza do conciliador

“Eu acho que a situação do país é tão grave, séria e complexa que deveria haver um entendimento em torno de alguns problemas fundamentais. A iniciativa nesse sentido deve partir do governo, que tudo pode. Em qualquer país em que a vida política não seja considerada uma guerra entre inimigos, nada mais natural do que o diálogo.”

       A declaração se adequa ao momento atual, mas constou dos jornais de 22 de agosto de 1976, pouco depois de atentados em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Autor: senador Paulo Brossard, do MDB. Que falta faz hoje…

Crise entre poderes

Deputados federais tiram da gaveta a Proposta de Emenda Constitucional que susta atos do Poder Judiciário.

Quando o Supremo Tribunal Federal, que historicamente foi discreto, assume o protagonismo, pondo lenha na fogueira, tudo pode acontecer.

Não foi bem

Análise de Álvaro Bandeira, economista-chefe do Banco Digital Modalmais:

“Vamos encerrando uma das piores semanas de 2021 para os mercados de risco no mundo, notadamente no Brasil. Variante Delta da Covid-19 ampliando espectro de contaminação, China endurecendo regulação em diferentes setores da atividade, Bancos Centrais de países desenvolvidos discutindo e preparando a retirada de estímulos, além de alguma desaceleração na recuperação econômica.”

Obra sonhada

O presidente Jair Bolsonaro admitiu,  semana passada, que negocia com a Argentina a construção de gasoduto. Seriam 1.430 quilômetros das reservas de gás de xisto da província de Neuquén até a fronteira com o Brasil e outros 600 quilômetros até Porto Alegre, passando pelas proximidades de Santa Maria, para se conectar à rede de distribuição de gás do Sul do País.

Vão repetir o erro?

O Senado realizou, sexta-feira, sessão para debater projeto de lei que institui o Programa de Estímulo ao Transporte por Cabotagem. Ótima iniciativa, desde que não inclua a criação de mais uma estatal.

O fracasso do Lloyd Brasileiro deve servir de lição. Além de servir como cabide de empregos para políticos não eleitos, foi mal administrada e os navios viraram sucata até ir a pique, levando dinheiro público.

Risco vem de longe

O desembargador João Batista Damasceno, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, revela  espanto com as condenações antes dos julgamentos. Expressa o que muitos pensam: “A prática tem relembrado a frase da rainha louca do Castelo de Cartas no conto Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll: Cortem a cabeça! Primeiro a sentença, depois o julgamento.”

 Tradição de ajudar

       O governo brasileiro enviará missão humanitária ao Haiti. O país mais pobre das Américas foi atingido por terremoto de magnitude 7,2 no dia 14 deste mês. Contará com equipes de especialistas e peritos na busca e resgate em estruturas urbanas colapsadas, além de contar com kits de medicamentos e insumos para assistência farmacêutica emergencial.

Costumam ter resultado zero

       Será realizada em Glasgow, Escócia, de 1º a 12 de novembro, mais uma Conferência do Clima. Relatório da Organização das Nações Unidas, divulgado em fevereiro deste ano, mostra: propostas dos países responsáveis por 30% das emissões de gases de efeito estufa conseguirão reduzir em apenas 1% os prejuízos que vão provocar até 2030 em relação aos níveis de 2010. Será muito pouco.

       Há duas certezas sobre o encontro: 1) promessas vazias correrão soltas; 2) os participantes vão saborear o puro e autêntico malte no país onde o uísque não é falsificado.

Causas e efeitos

Ao participar de reunião promovida pela Assembleia Legislativa sobre a situação financeira do Estado, sexta-feira, Orion Cabral, ex-secretário estadual da Fazenda, definiu: “A dívida pública e a Lei Kandir explicam o agravamento das finanças do Rio Grande do Sul nos últimos anos. No período do governo Collares, a dívida mobiliária dos Estados representava cerca de 60% dos recursos próprios líquidos. Hoje, subiu para 1,7 vezes.”

Tentam o equilíbrio

Avança na Câmara dos Deputados a tramitação do projeto que torna legal a educação domiciliar fora da rede oficial de ensino. Na visão de muitas famílias e políticos, pode ser a solução para que os pais ofereçam  acompanhamento mais próximo dos filhos. No fundo, querem evitar a doutrinação ideológica que, infelizmente, muitas vezes acontece.

Desacerto no ninho tucano

       Em choque com o governador João Doria, líderes históricos do PSDB se encaminham para a saída. O novo endereço será o PSD pelo qual Geraldo Alckmin, integrante do grupo, concorrerá novamente ao governo de São Paulo.

Seta vai se movimentar

       A 241ª reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central está marcada para 20 e 21 de setembro. Até lá, a bolsa de apostas funcionará sem parar. A maioria acredita no aumento da taxa de juros, fórmula equivocada, segundo muitos economistas, de conter a inflação.

É assim

Na vida pública brasileira, os estragos, por mais que sejam anunciados, só recebem avaliação depois que acontecem.

Para se lamentar

A comunidade internacional provou ser incapaz de defender os civis no Afeganistão. Os governos, a começar pelo norte-americano, trataram de retirar seus diplomatas. A população atingida pela brutalidade foi esquecida.

Buscam subsídios  

Volta à cabeceira de políticos e economistas, o livro “Reviravolta – Como Indivíduos e Nações Bem Sucedidas se Recuperaram das Crises”, de Jared Diamond, professor da Universidade da Califórnia.

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