Os jornais de 25 de agosto de 1961 destacaram a denúncia do governador da Guanabara, Carlos Lacerda: o ministro da Justiça, Pedroso Horta, propôs a ele o fechamento do Congresso Nacional. Ninguém imaginava que, no final daquela manhã, após acompanhar o desfile do Dia do Soldado, o presidente da República, Jânio Quadros, renunciaria ao cargo. Alegou a existência de “forças ocultas”, que ninguém entendeu.

Confuso e incoerente

Na carta que encaminhou ao Congresso Nacional, Jânio tentou explicar:

“Fui vencido pela reação e, assim, deixo o Governo. Nestes sete meses, cumpri meu dever. Tenho-o cumprido, dia e noite, trabalhando infatigavelmente, sem prevenções nem rancores. Mas, baldaram-se os meus esforços para conduzir esta Nação pelo caminho de sua verdadeira libertação política e econômica, o único que possibilitaria o progresso efetivo e a justiça social, a que tem direito o seu generoso povo.”

Resumindo: jogou o país numa crise que custou muito.

Queria apoio

A intenção de dar um golpe ficou clara no meio da tarde. Deixando Brasília, Jânio chegou ao aeroporto de São Paulo. Exaltado, perguntou: “Onde estão as massas?”. Esperava uma grande claque para levá-lo de volta. Um dos assessores, sem temer revide, respondeu: “Excelência, massas, agora, só ali no restaurante.” Foi a cena final da farsa presidencial.

Passeio nas urnas

A 3 de outubro de 1960, Jânio venceu a eleição, obtendo 48,2%; Henrique Teixeira Lott ficou com 32,9% e Ademar de Barros com 9,9%. Para vice-presidente, foi eleito João Goulart.

Cenário nublado

O jornalista Assis Chateaubriand, dono do império denominado Diários e Emissoras Associados, tentou definir em uma crônica, dias depois: “Este é outro exemplo do homem que havia feito uma carreira prodigiosa, mas que de repente se resolve a sacrificá-la, sem nenhuma explicação razoável. O espírito nele se obnubilara pela presença do demônio fatal. Foi o sr. Jânio Quadros visitado por esta força maligna.”

Falta um passo

Os governadores romperam o isolamento dos últimos anos e se reuniram, segunda-feira, para propor calma ao presidente Jair Bolsonaro. A tarefa ficará completa quando a mensagem chegar também a alguns ministros do Supremo Tribunal Federal, que buscam protagonismo político inconveniente, tumultuando o país.

Mais outro

A pressão dos governadores deve prosseguir, cobrando do Senado e da Câmara dos Deputados o andamento das reformas tributária e administrativa. O mesmo em relação ao crescimento da inflação, que amedronta, e da taxa de juros.

O que não se esperava

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada divulgou ontem a revisão da previsão para a inflação no país em 2021: de 5,9% o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai para  7,1%. Entre os motivos, os aumentos acentuados da gasolina e da energia elétrica, além dos alimentos.

O que falta para acender a luz de alerta no governo federal?

Explica muito

O Centro das Indústrias do Estado de São Paulo encomendou estudo ao Boston Consulting Group, que compara o custo da produção no Brasil e em países concorrentes e integrantes da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico. Foram considerados 12 itens como tributos, a facilidade de abrir e fechar empresas, apoio do governo, entre outros. A diferença com os outros países é que produzir no Brasil custa R$ 1,5 trilhão a mais por ano.

Vão adiando

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, afirmou ontem que a proposta de alteração no Imposto de Renda não será votada nesta semana. Para deixar claro: ninguém esperava.

Antes que seja tarde

A Câmara dos Deputados analisa projeto de lei que cria o Sistema Nacional Contraterrorista para coordenar ações de inteligência. Quer prevenir a formação de células no Brasil e treinamento para a atuação na iminência, durante ou logo após um eventual atentado.

Briga desproporcional

Joe Biden não mudou a linha do discurso de enfrentamento adotado por Donald Trump. Sabe que os norte-americanos serão superados em breve na corrida com a China. Para competir, precisaria obrigar a queda dos salários e a derrubada dos direitos sociais e trabalhistas, fórmula que o país de Xi Jinping consagrou para crescer.

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