| Lívia Rossa |

Em entrevista ao programa Cruzando as Conversas, da RDC TV, nessa terça-feira (7), o atual prefeito de Porto Alegre e candidato à reeleição, Nelson Marchezan Jr. (PSDB), iniciou sua apresentação afirmando que pretende continuar uma gestão que organize as contas da prefeitura e que direcione os recursos públicos para benefício dos cidadãos portoalegrenses. Compondo sua mesa como vice-candidato está Gustavo Jardim (PSL).

Nelson Marchezan é o atual prefeito de Porto Alegre. Foi deputado federal durante seis anos, eleito duas vezes. Antes, atuou como deputado estadual. É advogado por formação e trabalhou na área por cerca de oito anos. Possui pós-graduação em gestão empresarial.

Concorrentes ex-aliados

Perguntado a respeito das trocas constantes de cargos em suas secretarias, Marchezan disse que “esse fato não diferencia minha candidatura das outras para pior”.

O candidato também disse que, caso mantivesse no governo “pessoas que não estivessem em momento de vida para dar o melhor de si”, seria motivo de críticas.

“Como na minha gestão elas tiveram a sinceridade para sair ou foram convidadas a se retirar e também se retiraram, então também sou criticado. Então acho que isso é algo normal”, afirmou Marchezan.

Das iniciativas relacionadas a empregar colaboradores à gestão, Marchezan citou a criação de banco de talentos, consistindo em processo de seleção, durante os quatro anos de governo, onde pessoas como servidores de carreira ou de livre nomeação passavam por entrevistas com profissionais formados em Recursos Humanos.

“Metade das pessoas que trabalharam na prefeitura não possuíam vinculação partidária e a maioria foram buscados por meio de busca ativa, como por exemplo a busca do secretário [Rodrigo] Tortoriello que foi localizado, por meio do seu currículo, pelo LinkedIn”, lembrou Marchezan.

CPI e irregularidade em Banco de Talentos

A respeito da CPI, Marchezan justificou a abertura do processo como resultado da insatisfação de pessoas cujo processo de seleção do banco de talentos teria “ferido” interesses de partidos e também interesses pessoais.

“Nós fraudamos o interesse de décadas da cidade de Porto Alegre de preenchimento de cargos por apadrinhamento e colocamos um processo de seleção onde as pessoas eram entrevistadas. Assim, as pessoas são colocadas nos cargos que têm competência, que têm vocação e com remuneração de mercado. Essa história do ‘cara’ ganhar “um”, ir para a prefeitura e “ganhar dez”, e algumas vezes dividir com vereador, fizemos o máximo para acabar, disse.

Marchezan abordou durante entrevista que, em virtude de busca e apreensão de documentos do parlamento, durante medidas de combate à corrupção, o próprio parlamento teria se voltado contra seu governo e buscado medidas como o impeachment. “É uma inversão de valores”, afirmou o prefeito.

Condução da área da saúde em meio à pandemia

A respeito da situação da Capital gaúcha em meio à pandemia, Marchezan classificou a cidade como “em uma situação privilegiada, tanto pela equipe da saúde como u todo, quanto pela atuação da prefeitura”.

Ainda sobre o trato com a Covid-19, o candidato à reeleição falou que “ninguém que buscou atendimento, seja por coronavírus ou qualquer outra doença, ficou sem atendimento”.

Trazendo números, Marchezan afirmou que Porto Alegre foi a capital com menor número de óbitos totais, de qualquer doença, neste ano, em relação ao mesmo período do ano passado.

“Em questão de salvar vidas tivemos o melhor que se pode ter de expectativa em uma pandemia ou em qualquer outro momento”, alegou.

Direcionamento econômico e Covid-19

Tratando-se de economia, Marchezan disse que os caminhos foram conduzidos de forma semelhante ao direcionamento da saúde.

“Nos entendemos que a vida é prioridade. Estamos retomando as atividades econômicas da cidade de Porto Alegre de forma organizada, o que nos dá um pouco mais de segurança de que nós não termos a segunda onda [de restrições]”.

Reclamação de empresários sobre falta de diálogo

Questionado sobre o diálogo com empresários que reclamavam das tratativas em relação ao comércio, Marchezan afirmou que alegações de falta de conversa “não têm fundamento”, já que teriam havido “várias reuniões semanais com entidades empresariais”, encontro que, segundo o prefeito, ocorre a cada 15 dias, com 25 presidentes de tais organizações.

No que diz respeito à liberação de obras públicas e obras privadas, Marchezan disse que “o vírus circula entre as pessoas” e é isso que se estaria sendo evitado a fim de que o sistema de saúde pudesse atender às pessoas.

Considerando o quadro da doença, o prefeito afirmou que seria necessário fazer escolhas de quais atividades deveriam continuar. “Obra privada é interesse privado, obra pública é interesse público. A minha escolha sempre é pelo público e pelo coletivo”, alegou.

Reformas Previdenciária e Administrativa

Nelson Marchezan afirmou em entrevista que, antes do Governo Federal fazer reforma previdenciária, a prefeitura teria feito a sua própria reforma. Ele afirma, ainda, que uma parte ficou pendente, que o Governo deveria ter realizado.

“É importante dizer que antes do Governo Federal fazer sua reforma previdenciária, nós fizemos a nossa [em Porto Alegre]. A reforma Federal que se discutiu durante dois anos nós fizemos no primeiro ano do Governo Federal e no início do nosso terceiro ano. Nós propusemos no primeiro ano, mas com o ambiente político, só fizemos no terceiro ano. Nós fizemos antes a reforma previdenciária. Quando o Governo Federal fez, ele fez “capenga”. Então tem uma parte que nós precisamos fazer. ”

Sobre reforma administrativa, o atual prefeito afirmou:

“Nós fizemos a maior reforma administrativa talvez de todas as estruturas públicas do Brasil, e sem falar na história de Porto Alegre. Porque a história de Porto Alegre são décadas de despesa sem Receita para pagar. Nenhum projeto de contenção de despesas. Nós fizemos vários projetos e pela primeira vez na história dessa cidade diminuimos a despesa de pessoal”.

Relação na Câmara de Vereadores e processo de Impeachment

Recordando o primeiro processo de impeachment, Marchezan diz que a motivação foi a entrada com projeto de lei que retirava a obrigatoriedade de nomeação de novos cobradores para cada motorista. Ja no segundo pedido de impeachment, o prefeito disse que a justificativa da Câmara consistiu na ausência de regulamentação no tempo “que alguém desejava, mas, na verdade, era uma desculpa para ter impeachment” a lei dos táxis.

Classificando os pedidos como “patéticos” e considerando o mais recente como “o mais patético”, pelo fato, segundo o prefeito, dos parlamentares terem aprovado a despesa do Fundo de Saúde para publicidade e, após, afirmaram que a iniciativa foi ilegal.

Observando um quadro pós eleição, o atual candidato e aspirante à reeleição pretende trabalhar, na Câmara, “com quem está na política, o que não quer dizer fazer todas as vontades que o parlamento tem”.

Reforma do Plano Diretor

Marchezan acredita que deva ser realizada a revisão do Plano Diretor de Porto Alegre e afirmou que a iniciativa começou em março, porém foi suspensa pela pandemia e pela impossibilidade de ampla participação popular em decorrência da Covid-19.

“Temos aprovado o maior investimento da cidade em planejamento urbano. São R$13 milhões de reais para fazer a reforma do Plano Diretor que veio junto com o planejamento econômico-financeiro para algumas regiões. Não é de investimento. Vamos fazer com participação das Nações Unidas e das nossas universidades locais”, disse.

Quarto Distrito

Perguntado sobre projetos para a região do Quarto Distrito, em Porto Alegre, Marchezan disse que entraves ambientais e patrimoniais impedem o desenvolvimento da região. Com revisão do Plano Diretor, no entanto, ele prevê a mudança do perfil do local, tentando resolver também questões sociais e econômicas da localidade.

“Os maiores investidores de terrenos da cidade não compraram aqui ainda. Buscando, junto com o pacto, mudar o perfil através de cervejarias, através de ambientes de inovação e qualificações de iluminação e as vias para chamar a atenção de investidores para estes locais. De forma massiva, ainda precisamos avançar e o Plano Diretor é a melhor forma de fazer isso”.

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