O pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul pelo PSDB, Eduardo Leite, foi o entrevistado da edição desta terça-feira (05) do RDC News Especial Eleições.
O programa apresentado por Carolina Aguaidas e Renato Martins teve ainda a participação especial de Eugênio Esber, jornalista e diretor de redação da revista Amanhã.
Confira os principais destaques:
Missão como governador
“Eu tô na política com sentido de missão. Fui vereador na minha cidade em Pelotas, fui prefeito, tive o privilégio pela confiança dos gaúchos de ser governador. E governamos o estado do Rio Grande do Sul em meio a muitas dificuldades. Recebemos um estado que estava em crise, que não conseguia pagar sequer os salários dos servidores em dia e que hoje tem as suas contas em dia e abre espaço para os maiores investimentos. Tenho certeza que é disso que vai se tratar esse processo eleitoral. Sobre discutir que estado nós tínhamos, que estado nós temos, mas, principalmente, que estado a gente quer construir, o que a gente quer para o futuro.
Eu, até por conta de enfrentar essas dificuldades aqui no estado e superar essas dificuldades, tive a forma como nós fazemos a política percebida nacionalmente e recebi provocação sobre liderar um projeto nacional para o país buscando ajudar a quebrar essa polarização que está posta no nível nacional.
Se eu simplesmente quisesse ser candidato à Presidência da República me foram ofertados caminhos para isso, inclusive trocando de partido para poder ser candidato à presidência, mas eu não tô na política para ser candidato de uma coisa ou outra, eu tô na política para ajudar a transformar a vida das pessoas. Eu quero que os governos funcionem melhor, que a vida das pessoas possa ser melhor a partir de uma gestão pública eficiente. Nós fizemos isso aqui no Rio Grande do Sul e vamos discutir esses temas. Eu tenho certeza que o legado que nós temos no governo vai falar mais alto que qualquer tipo de ataque ou qualquer outra questão que queira ser trazida como tentativa de desgastar uma imagem política.”
Reeleição
“Minha maior crítica com a reeleição tem a ver que o candidato sendo governante, seja prefeito, governador, presidente, acaba, eventualmente, utilizando do cargo, da posição, da caneta, em favor da sua reeleição. O governo acaba sendo conduzido ao sabor dos interesses eleitorais nessas oportunidades. É claro que com exceções, não tô aqui generalizando, mas via de regra no nosso sistema eleitoral brasileiro a reeleição ou coloca o governo como refém de uma candidatura ou faz com que o governante não dê atenção ao governo para dar atenção à sua campanha. Se torna um governante candidato. Eu não serei um governador candidato, eu serei um candidato a governador.
A renúncia ao cargo faz com que nós tenhamos nosso vice-governador, agora governador do estado Ranolfo, cuidando do dia a dia do governo e projetos que nós lideramos, dos tantos investimentos, desse maior investimento da história do Rio Grande do Sul, história recente, de 6 bilhões de reais. Aquele estado que sequer pagava as contas hoje é um estado que investe 6 bilhões de reais em todas as áreas, na segurança, na saúde, na educação, nas estradas. Isso precisa ter atenção integral e não dividir atenção com uma candidatura.
A renúncia me abre espaço para ser candidato sem estar no governo. Ela é tecnicamente uma reeleição, mas nada tem a ver com o que a gente observou das reeleições que foram tentadas ou estão sendo tentadas e que utilizam estrutura da máquina do governo em favor de uma candidatura.”
Pandemia e economia do estado
“Nós trabalhamos para salvar vidas e preservar ao máximo a economia. A população estava assustada, angustiada, sob ansiedade extrema em função de um vírus para o qual não havia, até aquele momento, vacina que protegesse essas pessoas. Antes mesmo do governo editar decretos, universidades, escolas e empresas começaram voluntariamente a parar suas atividades, porque as pessoas estavam preocupadas, assustadas.
(…) Uma situação totalmente diferente do que qualquer país ou local no mundo estivesse habituado a lidar nesses últimos períodos. O importante era reduzir ao máximo a circulação de pessoas. O vírus, até ter uma vacina, circulava através das pessoas. Parar ou reduzir ao máximo era uma forma de reduzir a circulação do vírus e, consequentemente, salvar vidas. E nós salvamos vidas no Rio Grande do Sul. É o segundo estado com menor excesso de óbitos no Brasil. E mais, economicamente preservamos ao máximo os empregos. O Rio Grande do Sul, apesar de além da pandemia ter lidado com severa estiagem seca que afetou nossa produção agrícola, cresceu mais que o dobro da média nacional.”
Educação no RS
“É um dos temas que muito me motiva para um segundo mandato. A educação por si só, em condições de normalidade, demandaria a atenção de um governo, porque a gente tá vivendo um momento de profunda transformação da tecnologia, economia, que exige que a gente possa ajustar o processo de ensino e aprendizagem para despertar as habilidades e competências que esse mundo que se apresenta vai exigir dos nossos jovens. Mais ainda, em função do que a pandemia acabou afetando esse processo de ensino e aprendizagem não apenas no Rio Grande do Sul, mas no Brasil e no mundo.
Nós precisamos ter todo um processo de recuperação dessa aprendizagem para o qual o governo já está atuando, mas que precisa ser dada continuidade especial no processo de qualificação dos professores. O que nós fizemos: criamos um programa chamado Aprende Mais, que consiste em avaliação diagnóstica que foi feita pelo estado para detectar não apenas um indicador, mas escola por escola, classe por classe, aluno por aluno, quais são as condições de aprendizagem, qual deficiência tem e, paralelamente, o estado faz toda a elaboração de material didático específico em função dessas deficiências e capacita professores. O estado está pagando bolsa para os professores se qualificarem, são mais de 30 mil professores. Praticamente dobramos a carga horária de matemática e língua portuguesa nas escolas gaúchas para que a gente possa ter condição de recuperação da aprendizagem, especialmente desse período que a pandemia afetou.”
Finanças públicas
“Acabamos de ter a homologação do Regime de Recuperação Fiscal pelo governo federal. Esse Regime de Recuperação Fiscal exige a apresentação dessas projeções que preveem situação de equilíbrio tanto orçamentário quanto equilíbrio primário das contas. Isso está sendo desafiado agora especialmente por contas dessas aprovações recentes de alterações em cobranças do ICMS sobre combustível e energia, que são impactantes na arrecadação do estado. (…) Mas nas condições existentes até a aprovação desse projeto do ICMS o estado já encontrou no ano passado o primeiro equilíbrio das suas contas desde 2009. (…) Nos últimos 50 anos, em apenas 8 anos o Rio Grande do Sul fechou as contas no azul. O estado gastava mais do que arrecadava. Como é que ele fazia para resolver isso? Emitindo dívidas, usando recursos extraordinários como depósitos judiciais, como financiamentos conquistados pelo governo, para pagar as contas do mês e isso foi gerando um rombo, esta crise, até que estado não tinha mais de onde sacar os recursos extraordinários e acabou tendo atrasos de salários.
O prognóstico para o Rio Grande do Sul é de contas em dias. Agora estamos vivendo um cenário nacional que é altamente instável por conta de medidas extraordinárias que estão tomadas pelo governo federal, pelo Congresso Nacional, que geram preocupação em relação ao futuro e que vão exigir especial disciplina, controle e cuidado por parte do governo.”
Recado para o eleitor
“Se no final deste mandato que a população tiver me conduzido eu for novamente considerado para ser candidato a presidente quer dizer que o mandato terá sido novamente muito positivo. O importante é que me apresento aqui para garantir ao Rio Grande do Sul que não haja retrocesso. E estamos vendo ameaças de retrocesso no populismo da esquerda e no populismo da direita, ambos atacando a recuperação fiscal do estado, ambos desafiando a lógica de responsabilidade com contas públicas. A discussão sobre a próxima eleição vai ser daqui a quatro anos. Estamos nos apresentando aqui para o projeto do próximo governo.”