O pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul pelo PSOL, Pedro Ruas, foi o entrevistado da edição desta quinta-feira (14) do RDC News Especial Eleições.
O programa apresentado por Carolina Aguaidas e Renato Martins teve ainda a participação especial de Matheus Valêncio, jornalista e repórter da TV Câmara.
Confira os principais destaques:
Investimentos de multinacionais no estado
“O que são as isenções fiscais prometidas para essas empresas que vem para cá? Se viesse nas mesmas condições da Ford, ou seja, péssimas condições para o estado eu não tenho dúvida de que não seria interessante que ficasse aqui. Eu quero dar um exemplo concreto aos nossos telespectadores: o governo Sartori em 2016 mandou para a Assembleia Legislativa um projeto passando em isenções fiscais 380 milhões de reais para uma empresa chamada Viodelar-Innova, aqui em Triunfo, e eu antes da votação procurei junto à Secretaria da Fazenda saber qual era a contrapartida que o estado teria. (…) No dia da votação tive a resposta. Em troca dos 380 milhões de reais que o estado repassava em isenções fiscais gerou aqui no estado 5 empregos. (…) Isso de que vai trazer empregos é falácia, não trazem emprego. Podemos cortar 70% das isenções e não tem nenhuma diminuição no número de empregos no estado. (…) Temos que deixar coisas claras. Há dinheiro público sendo jogado pela janela, beneficiando os grandes.”
Geração de empregos
“Nós temos que criar uma forma de desenvolvimento com incentivo aos micro, pequenos e médios empresários. Isso é uma das plataformas importantes nossas, como também beneficiar no setor rural a agricultura familiar. Temos que gerar por um lado empregos e por outro lado renda. Se puder gerar os dois ao mesmo tempo, melhor. Agora, toda vez que se isenta, toda vez que se beneficia quem não precisa do benefício, temos um problema sério, porque é dinheiro público.”
Luta pelos direitos dos trabalhadores
“A minha vida é a defesa de trabalhadores. Eu sou um advogado trabalhista, comecei a advogar ainda como estagiário com 21 anos. Eu tenho 66 anos, ou seja, lá se vão 45 anos na advocacia de trabalhadores e também na política a mesma linha de defesa. Eu acredito na organização de trabalhadores como forma de poder lutar. E temos lutado.”
Educação
“Eu tive a honra de assistir em 1984 no Rio de Janeiro o vice-governador Darci Ribeiro, no governo Brizola, apresentar a escola no turno integral, o chamado CIEP – escola onde a criança entra, tem a merenda de entrada, estuda, tem almoço, acompanhamento médico e odontológico, faz educação física, acompanhamento nos temas, tem ainda a janta e depois vai para casa. Ou seja, ninguém consegue aprender com fome ou com necessidades médicas odontológicas. Nós temos que dar uma condição integral para as crianças. E aqui sim eu acho que é o grande fator. O ponto de partida igualitário, ou seja, igualdade de oportunidades. Aquela criança que com 6,7 anos entra numa escola pública que não tem a qualidade em 10 anos tá fora do mercado, não tem condições de fazer uma universidade federal, não tem condições de arrumar um emprego decente, está fora de tudo. Nós temos que combater isso. E isso começa na educação.”
Finanças públicas e privatizações
“As isenções fiscais que fazem parte de um conjunto de desonerações fiscais, onde se inclui a sonegação, são uma tragédia mantida principalmente pelos dois últimos governos. Isso é muito ruim. Eu vou tentar reverter as privatizações feitas. (…) Se um organismo tá com problema, se um organismo tá doente se cura, não se mata. Corsan é água e saneamento. Eu fui secretário de estado no governo Olívio de Obras e Saneamento. Saneamento é vida. Tem uma relação direta com a mortalidade infantil, por exemplo. Isso é da iniciativa privada, não é maldade, é da natureza da iniciativa privada buscar o lucro. No setor público é buscar o bem estar social. É incompatível.”
Concursos públicos
“Total prioridade. Concurso público é a única forma correta, adequada, republicana de acesso ao serviço público ou então por eleições ou nomeações em cargos de confiança. Mas o concurso público é a forma por excelência, correta e mais adequada do ponto de vista da estrutura de uma república em qualquer lugar do mundo. No Brasil, nós temos falhas nessa área. Não só falhas na ausência de concursos, mas também falhas na priorização de outro tipo de situação que deixa de lado o concurso. Eu quero dar prioridade a isso. Concurso público é necessário, imprescindível.”
Brigada Militar dentro do presídio
“Isso é um debate importante. Do meu ponto de vista nós temos já uma polícia prisional. O lugar da Brigada não é no presídio. Acho que gradualmente, não de um momento para o outro, tem que haver um projeto, tem que haver uma forma de retirar. Sai bem mais caro pagar a hora extra do brigadiano no presídio, quando vem de outra cidade, do que ter aumento de polícia penal, por exemplo, por concurso. Hoje nós temos uma polícia penal. E essa polícia penal pode sim e deve dar conta. Há toda uma gama de servidores especializada neste tipo de trabalho.”