O pré-candidato ao Governo do Rio Grande do Sul pelo PDT, Vieira da Cunha, foi o entrevistado da edição da última quinta-feira (28) do RDC News Especial Eleições.

O programa apresentado por Carolina Aguaidas e Renato Martins teve ainda a participação especial de Almir Freitas, jornalista e diretor-geral da Uffizi.

Confira os principais destaques:

Ensino integral nas escolas
“Essa não é só nossa prioridade. Eu diria que é a nossa obstinação. Nós temos consciência que só teremos a educação de qualidade que o nosso povo, as nossas crianças, adolescentes merecem, quando nós tivermos essa escola revolucionária, emancipadora, que é a escola de tempo integral, também conhecida como Centro Integrado de Educação Pública. Quando o Brizola governou o Rio Grande do Sul ele construiu 6.302 escolas. (…) Se muitas delas não estivessem de pé até hoje, eu tenho andando pelo estado e tenho visto, era difícil de acreditar que um governador tenha feito tanto pela educação em tão pouco tempo. Depois o Colares construiu aqui 90 Cieps, que é a escola do dia inteiro, a escola honesta como diria Darci Ribeiro. A escola de dois turnos é desonesta. A criança não aprende, então não é uma escola honesta. Basta ver que as crianças saem e não conseguem fazer conta de matemática, interpretar um texto de português.

Todos os indicadores educacionais demonstram que o Rio Grande do Sul tá perdendo para outros estados da federação. Agora veio o censo escolar que demonstrou que nós temos aqui no Rio Grande do Sul que, num passado não muito distante, foi referência nacional em qualidade da educação, o dobro do índice de evasão escolar no ensino médio verificado nacionalmente. Significa o que? Que a gurizada de 15, 16, 17 anos tá abandonando a escola. Eu te pergunto: para onde estão indo esses adolescentes? E respondo, porque até o mês de abril eu era Procurador de Justiça Criminal, atuava numa Câmara que tem sobre sua competência três tipos de crime, tráfico de drogas, homicídio e violência doméstica. Essa gurizada tá sendo recrutada pelas facções criminosas. Quando um adolescente abandona a escola e vai para o mundo do crime só tem dois caminhos: presídio ou cemitério. Estamos perdendo essa nova geração para o mundo do crime. Como a gente resolve isso? Educação.”

Economia
“A situação é de muita preocupação. Temos um cenário nacional preocupante, eu diria até um cenário internacional muito preocupante. Uma inflação em um nível altíssimo, custo de vida e temos medidas do governo federal que vão de encontro aos interesses do Rio Grande do Sul. Temos sido prejudicados ao longo dos anos com a chamada Lei Kandir, problema histórico que o Rio Grande do Sul vive a partir da desoneração das exportações. Como somos um Estado exportador, nós perdemos receita. (…) Agora nós temos essas medidas recentes do governo federal e começando pela questão da dívida do estado com a União. É inadmissível o acordo que o atual governo fez. Coloca um garrote no Rio Grande do Sul nos próximos 9 anos. É inconcebível que um governo em fim de mandato assine um acordo com a União comprometendo os dois futuros governos. Vamos ter uma intervenção do governo federal e isso é inaceitável. Eu vou questionar esse acordo no primeiro minuto de governo sob nossa responsabilidade. Se necessário inclusive judicialmente. Não reconheço legitimidade nessa dívida, pelo menos no valor que a União alega que o estado deve.”

Segurança
“Na área da segurança vamos dar continuidade à integração das polícias. Investir em um modelo comunitário de segurança, com a integração, envolvimento dos policiais com as comunidades, isso tudo será mantido. No que diz respeito ao feminicídio nós estamos falhando. É um crime cruel, covarde, que mês a mês aumenta o número de vítimas. Temos que ter mais condições eficientes de atuação nessa área, principalmente na prevenção. Temos que ter uma política de educação. Temos que acabar com essa cultura machista do homem achar que é dono da mulher, que a mulher é seu objeto. Temos que ter desde cedo as crianças, adolescentes, dentro da escola e nas próprias famílias essa noção de igualdade. Homens e mulheres são iguais, isso tem que estar na consciência de todos os cidadãos da sociedade em geral. Isso se faz com consciência, com educação, com campanhas.

Em segundo lugar, a nossa rede de proteção das mulheres é totalmente insuficiente. As patrulhas Maria da Penha tem que aumentar o efetivo. As delegacias especializadas no atendimento à mulher são número baixo para atender toda a demanda. Felizmente as mulheres têm tomado consciência dos seus direitos e têm procurado mais as forças de segurança, que é o primeiro contato da mulher com os aparelhos de estado que têm o dever de protegê-la. A polícia tem que estar bem treinada, preparada para dar o primeiro atendimento para que a mulher se sinta protegida e acolhida. E passa também pelo Ministério Público, pelo Judiciário, pela Defensoria Pública no que diz respeito às medidas protetivas.”

Saúde
“Temos mais de 1 milhão de segurados e temos que reestruturar o IPE a fim de que ele possa atender com qualidade os seus segurados. Eu sou um deles e nós sabemos que há uma profunda crise no IPE que tem que ser resolvida. Temos também que apoiar hospitais filantrópicos. (…) E atuar em regime de colaboração com os nossos prefeitos, porque a saúde está municipalizada, mas os prefeitos precisam do aporte financeiro, do apoio do Estado. É preciso que os três entes federativos, União, Estados e municípios estejam em regime de colaboração para atender com eficiência a população. Hoje nós temos filas que são desumanas. A população que não pode pagar por um médico particular espera um tempo que não pode esperar por um médico especialista, por uma simples consulta, que dirá quando precisa de um exame.

(…) Quem coordena nosso programa nessa área é um médico conceituado que já foi secretário de Estado da saúde, o presidente estadual do PDT hoje, doutor Ciro Simoni. Ele está com grupo técnico fazendo um diagnóstico completo da situação da saúde no Estado e nós estaremos apresentando durante a campanha eleitoral as nossas propostas objetivas para melhorar o atendimento da população na área da saúde.”

Privatizações
“Sou radicalmente contra. A CEEE era um grupo de distribuição, geração e transmissão lucrativo. O último balanço do Grupo CEEE foi de 400 milhões de reais de lucro. Essa história de dizer que a CEEE dava prejuízo não é verdade. O que dava prejuízo era a área de distribuição, porque no governo Brito entregaram dois terços da área de distribuição para empresas americanas e deixaram o terço público com todos os ônus e dívidas. Como eu posso viabilizar uma empresa que se desfaz de dois terços da sua receita e fica com 100% da sua dívida? Claro, inviabilizaram a CEEE Distribuição. Depois entregaram a preço de banana há pouco para a CEEE Equatorial. Bastou o primeiro temporal para a população ver a fria que entrou. Aumentou a tarifa e piorou o atendimento. E é normalmente o que acontece com as privatizações.

(…) Não é porque é público que não funciona. E não é porque é privado que funciona. A questão é de gestão, eficiência de gestão. Eu fui presidente da CEEE. Quando eu assumi a CEEE ela também dava prejuízo. Vamos ver o balanço da CEEE quando nós deixamos o governo. Lucrativa. Quando ela é bem gerida, ela é pública e dá resultado. E quando é pública e dá resultado quem ganha com isso é o conjunto da população, que são os donos da empresa. No nosso governo não haverá privatizações, nem da Corsan, porque água não é mercadoria, e muitos menos do Banrisul. São viáveis, são lucrativos e vão ser mantidos sob o controle público.”

Considerações finais
“O nosso propósito é recuperar o papel de liderança e de protagonismo que o nosso Rio Grande do Sul sempre teve no contexto da federação brasileira. Nós queremos governar esse Estado para recuperar o nosso orgulho de ser gaúcho. Esse é o nosso propósito. Estaremos apresentando propostas, interagindo com a população e pedimos a todos que acompanhem e participem dessa festa cívica, democrática, que são as eleições. Ouvindo os candidatos, suas propostas, procurando se informar sobre seu passado, o que já fizeram, o que deixaram de fazer, o que prometeram, o que cumpriram e não cumpriram, para que possam exercer o seu direito e dever do voto com consciência e responsabilidade.”

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