Apesar da vitória, os três pontos foram o que menos importaram na noite de domingo (17). Um dos maiores craques da história colorada vestiu a camisa vermelha pela última vez. Titular, capitão e camisa 10, Andrés Nicolás D’Alessandro teve uma despedida digna do ídolo que foi.

Para coroar o fim de uma era, os Deuses do futebol planejaram a despedida perfeita. Desde antes da partida, o clima era de festa nos arredores do Beira-Rio. No Parque Marinha, churrascos, trapos e cantos eram vistos em homenagem ao ídolo. Até um trio elétrico foi colocado na rua lateral. Quando o ônibus colorado adentrou o estacionamento do estádio, diversos torcedores estavam esperando o argentino com muito apoio. Ao entrar para o aquecimento, a cena se repetiu, e, ao ter o nome projetado nos telões do Beira-Rio, os que estavam na parte interna gritavam com toda a força.

O Fortaleza até tentou botar água no chopp colorado abrindo o placar com Yago Pikachu. Só que os nordestinos não contavam com a força do dono da festa. Antes da partida, muitos torcedores falaram sobre como o ídolo não abandonava o time. Quando estava perdendo, sempre ia atrás do resultado e, em seu último jogo, não seria diferente. No final do primeiro tempo, D’Ale balançou as redes adversárias e empatou para o colorado. Nas arquibancadas, a torcida ia à loucura. No campo, a equipe inteira, titulares e reservas, foram ao encontro do meia. Gritos para o argentino ecoavam pelo Beira-Rio, numa linda festa.

O segundo tempo foi de tensão. Pênalti marcado para o Fortaleza, o segundo da partida. Os colorados gritavam o nome de Daniel, dando apoio ao goleiro. O arqueiro acertou o lado e a bola foi na trave. Chance desperdiçada. Aos 25 minutos, o ídolo colorado foi substituído. Deu a braçadeira de capitão para Rodrigo Moledo, foi abraçado pelos companheiros e alguns rivais. Foi a última vez que D’Alessandro deixou o gramado do Beira-Rio. Na arquibancada, muito apoio, gritos e choro. 

O jogo ia se encaminhando para um empate, o que não era de todo ruim. Entretanto, aos 44 minutos, surgiu um herói improvável: Alexandre Alemão. Atacante recém chegado ao Internacional, vindo de um clube do interior, recebeu a bola e lançou para o fundo da rede. A festa estava completa. 

Após o apito final, um pedido foi feito aos torcedores colorados, que permanecessem dentro do estádio para acompanharem a homenagem a D’Alessandro. E assim foi feito, os 36 mil colorados presentes no Beira-Rio puderam fazer parte do capítulo final da história de jogador do argentino. 

Ao lado da mãe, esposa, filhos e companheiros de equipe, D’Alessandro assistiu um vídeo em sua homenagem. Os gritos de “Fica D’Alessandro” e “D’Ale eu te amo” eram ouvidos da arquibancada. Ao final, com o microfone em mãos, o argentino, emocionado, agradeceu. Eu não sonhava assim tão perfeito. Queria me despedir com vitória. Mas fazer um gol, cara… Muitos dizem que tenho uma estrela diferente, mas, como eu falo, é merecimento, trabalho. Estou no lugar que eu quero, encerrei onde eu queria, disse.

Entre idas e vindas, foram 14 anos vestindo a camisa colorada. O meia foi o segundo jogador que mais entrou em campo pelo Internacional. Em 529 oportunidades, marcou 97 gols, deu 113 assistências e guardou 13 taças em seu armário. Agora, o argentino vai curtir a família. O futuro? O torcedor colorado espera que seja no Beira-Rio.

Foto: Ricardo Duarte/SC Internacional

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