Gritos de desespero em cada ataque do Liverpool e de incentivo cada vez que os jogadores do Flamengo tinham a posse da bola com chance de gol. Além de muitos aplausos a cada chute a gol e “uuuhh” pela bola não entrar.

A cena se repetiu em diversas praças do Rio de Janeiro, como a Varnhagem, na Tijuca, a Nelson Mandela, em Botafogo, a São Salvador, em Laranjeiras, e a Cardeal Câmara, na Lapa, onde os diversos bares tinham televisões e telões para uma multidão de vermelho e preto torcer pelos campeões brasileiros e da Taça Libertadores da América no confronto com os campeões da Europa. A disputa era pelo título Mundial de Clubes.

Por volta do meio dia, na Praça Varnhagem, na Tijuca, zona norte da cidade, torcedores começaram a se reunir para acompanhar o jogo. Chamou a atenção a figura do técnico do Flamengo, Jorge Jesus, em meio a torcida com um cartaz Hoje tem Jesus no controle. Trata-se do aposentado João Roberto Gomes Bezerra, sósia do técnico português. Ele disse que descobriu a semelhança em um evento no próprio clube.

“Eu fui em um evento de entrega de prêmio na Gávea [sede do Flamengo] e começaram a gritar ‘Jesus, Jesus’. Eu nem sabia que eu lembrava o técnico, eu estava com um paletó assim. Então resolvi fazer a plaquinha e ir ao Maracanã com ela”.

Flamenguista, Bezerra disse que já foi chefe de torcida, mas que atualmente “parou com arquibancada”, mas tem adorado fazer a alegria de outros rubro-negros que pedem para tirar foto com ele.

“Hoje faço só uma homenagem solo, sem envolvimento financeiro, sem compromisso com ninguém. É só eu, minha faixa, Jesus que está no céu e Jesus que está no campo. Está muito bom. Mesmo que Jesus saia do Flamengo, algum dia vamos continuar homenageando aqui e em Portugal. Já tenho convite para ir a Portugal e vou”.

Maria Eduarda dos Santos, de 10 anos, foi com o pai à praça acompanhar o jogo. “Sou flamenguista desde que nasci, por causa da minha mãe. Acompanhei os jogos mais ou menos, mas eu gosto de futebol. O jogo vai ser dois a um”, apostavaa a menina.

O pai de Maria Eduarda, o corretor Adilson dos Santos, disse que torce pelo São Paulo, mas se rendeu ao espetáculo em campo e acompanha a família na torcida.

“Não sou daqui, mas como a mãe dela torce pro Flamengo, então teve essa tendência. Meu time é o São Paulo, mas acompanho a família aqui. Este ano, o Flamengo foi muito acima da média de todos, não tem como torcer contra se eles mostram em campo, né? Mas o meu time é um só”.

Ansiedade

O primeiro tempo foi de ansiedade na Praça Nelson Mandela, tradicional reduto boêmio na zona sul da cidade. Sem gols, a torcida reagia a cada lance do Flamengo e do Liverpool. No segundo tempo, a torcida reunida na Praça São Salvador comemorou como se fosse um gol quando o árbitro de vídeo anulou o pênalti marcado pelo juiz contra o Flamengo, já nos acréscimos.

Na Lapa, região central da cidade, o clima era de muita tensão e angústia durante os dois tempos da prorrogação, principalmente após o gol do Liverpool, do brasileiro Roberto Firmino, aos 8 minutos do primeiro tempo da prorrogação, que deu o título ao time inglês. Os únicos bares que não estavam lotados eram os que não tinham televisões.

Campanha

Fim de jogo, o estudante Lucas Rico, 19 anos, se disse feliz com a campanha do Flamengo durante o ano, mesmo não tendo vencido a disputa de hoje. “A campanha do ano foi ótima, muita gente não acreditava no time no começo do ano, mas foi ganhando e realmente surpreendeu. Foi uma campanha linda, ganhou dois títulos importantes este ano”.

Ele lembra que a última vez que o Flamengo ganhou o Campeonato Brasileiro foi justamente no ano em que ele começou a torcer pelo time, em 2009. “Eu sou flamenguista desde os 9 anos. Antes eu convivia com várias pessoas que eram vascaínas e me davam camisa do Vasco. Mas quando resolvi torcer pro Flamengo, foi um pouco antes de ganhar o brasileiro”.

Reportagem: Akemi Nitahara \ Agência Brasil

Foto: Tânia Rego\ Agência Brasil

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