| Alice Ros |

Após declarar a paralisação dos estudos com a vacina Coronavac, na noite de segunda-feira (09), a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou, na quarta-feira (11), a retomada dos testes pelo Instituto Butantan. Desenvolvido em parceria com o laboratório chinês Sinovac, o imunizante contra Covid-19 está sendo testado em 15 centros de pesquisa no Brasil.

A decisão da Anvisa foi justificada como um “evento grave adverso”, com a morte de um dos voluntários. Porém, segundo o laudo divulgado pelo Instituto Médico Legal (IML) e pelo Instituto de Criminalística (IC), o homem que participava das pesquisas faleceu por uma intoxicação de agentes químicos. Foi verificada a presença de opioides, sedativos e álcool no sangue da vítima.

Em Porto Alegre, o Hospital São Lucas da PUCRS contabiliza mais de mil voluntários inscritos na fase de testes. A meta é que 13 mil brasileiros sejam incluídos no estudo.

Segundo Fabiano Ramos, chefe do Serviço de Infectologia do Hospital São Lucas, a posição da Anvisa surpreendeu os pesquisadores. “Para nós, a surpresa foi ter sido interrompido o estudo. Eu, particularmente, fiquei sabendo primeiro por uma mensagem de WhatsApp, depois pela imprensa e mais tarde, então, foi confirmado pelo Instituto Butantan, que também recebeu a confirmação em torno de 20h40”, disse Ramos.

Em relação aos resultados obtidos até agora, Ramos projeta que os testes têm mostrado indicativos positivos para a comunidade científica. “Os testes estão andando muito bem. Em Porto Alegre, nós temos mais de 1.100 pessoas incluídas no estudo e que receberam a vacina ou placebo, com efeitos colaterais mínimos. O próprio Instituto Butantan fez, algumas semanas atrás, uma prévia dos dados sobre segurança, publicando esses dados de reações bastante leves. A gente está muito feliz em relação aos resultados iniciais e a segurança. Bastante otimista pela eficácia da vacina”, estima.

A vacina Coronavac é feita a partir do vírus inativado, com tecnologia semelhante ao processo de produção da vacina contra a influenza. Agora, o Hospital São Lucas busca completar o grupo de voluntários para encaminhar as medidas de aprovação pela Anvisa e pelos órgãos complementares.

“O próximo passo é completar o número de inclusões necessárias, que é fechar 13 mil inclusões voluntárias no estudo. A gente espera que ainda no mês de novembro esse número possa ser alcançado em todo o Brasil”, afirma.

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