Parece que, no Brasil de hoje, as visões sobre a realidade, especialmente no que se refere ao fenômeno recente da pandemia e ao fenômeno permanente da política, estão irreconciliavelmente divorciadas.

O filósofo existencialista Soren Kierkegaard dizia que o propósito da vida era encontrar uma verdade, “que seja a verdade pessoal, uma verdade pela qual se possa viver ou morrer”.
George Orwell na tão comentada obra 1984, narra o “ministério da verdade”, cuja função é mentir. Esse ministério é encarregado de modificar a história de modo a deixa-la de acordo com a vontade do poder.

Nesta semana tivemos o feriado da Independência do 7 de setembro e neste uma série de manifestações em todas as cidades do Brasil em apoio ao atual Presidente da República que se ressente (ou diz se ressentir) de uma campanha infamante da “grande mídia” e de uma oposição engajada do poder judiciário sobre o seu governo. As verdades do Presidente são verdades para muitas pessoas, e da mesma forma não são para muitas outras. O Brasil chega novamente, como em outros momentos da sua história, a um impasse.

Nos dias que antecederam esses atos de 7 de setembro, tais “verdades” foram retratadas pelos grupos engajados: de um lado, os que tentaram diminuir o evento, seja pelo temor que disseminaram de que haveria violência nas manifestações, seja pela cantilena já tão decantada de que se trata de um movimento antidemocrático. De outro lado, a indignação frente a essas narrativas, e mais recentemente contra medidas de forças pela Suprema Corte em direção à alguns protagonistas de movimentos conservadores.

No presente momento, a grande mídia vive dois fenômenos, o primeiro o do seu próprio engajamento ideológico, na medida que hegemonicamente o jornalismo atual é progressista e militante e, portanto, não consegue reconhecer outra verdade que não a sua própria. O segundo fenômeno é a disrupção promovida pelas mídias sociais que “desenlataram” a informação. Assim pôde se ver nos jornais televisivos, nos blogs, versões que amoldavam os fatos a realidade como cada um a enxerga.

O militar Prussiano Carl Von Clausewitz disse que a guerra é a politica por outros meios. Aproveitando o ensinamento e não querendo aquele fim, precisamos compreender que na democracia a luta é pelo voto e uma vez decidida a eleição o vencedor tem o direito legítimo de plasmar a sua verdade em realidade. No caso do Brasil, enquanto os que perderam no voto não permitirem que os vencedores governem teremos esse conflito permanente e não haverá solução para o divórcio.

Compartilhe essa notícia: