| Alice Ros |

O título de candidata mais votada à Câmara de Vereadores de Porto Alegre nas eleições municipais foi conquistado por Karen Santos (PSOL). Formada em Educação Física pela UFRGS, Karen assumiu como vereadora da capital em 2019, quando entrou no lugar de Fernanda Melchionna (PSOL), eleita deputada federal. Aos 32 anos, é a única vereadora negra na atual legislatura (2017-2020). 

Com 15.702 votos, Karen liderou sua campanha com pautas de igualdade de gênero, combate à discriminação racial e acesso à educação. 

O interesse pela política começou ainda na graduação, quando integrou o Movimento Estudantil em prol da política de cotas na universidade. Já em 2013, durante a Copa das Confederações, ingressou no Coletivo Alicerce em defesa do movimento popular.

“Gosto de pontuar que a Karen é uma construção coletiva. A gente construiu uma coletividade que consegue abarcar o perfil de cada morador [de Porto Alegre]. A Karen é fruto desse processo”, defendeu a vereadora em entrevista ao Portal RDC (17).

Karen disse que ficou surpresa com a recepção dos eleitores, principalmente pelo cenário eleitoral na pandemia. “A gente não tinha ideia. Foi uma campanha atípica em plena pandemia. Do nosso ponto de vista, a campanha tinha que ficar para o ano que vem, como a volta às aulas e todos os eventos”. 

Na opinião da vereadora, o diálogo com as comunidades foi decisivo para garantir a pluralidade dos votos. “Fomos para o Centro da cidade, das 07h às 19h, levando opinião, escutando as pessoas, ouvindo muitas críticas em relação à política. Tentamos aprender com o que as pessoas colocam. Fomos muito para a periferia, porque parte do nosso povo porto-alegrense está desempregado. Então, é lá que a gente vai acessar a dona de casa, o trabalhador desempregado, os idosos. E a acho que isso se expressa nas urnas”, apontou.

“A gente viu que acendeu uma chama nas pessoas. Sempre coloco que a gente fez a campanha não pelo votinho lá no dia 15. O voto é importante, é sensacional, mas é compromisso. Se a gente não se apropriar da política enquanto um instrumento de fiscalização, de reflexão em relação aos problemas, não só na aparência, mas ir condicionando o que isso tem a ver com a sociedade que a gente vive, em que no meio da pandemia, as pessoas ficaram mais ricas ainda e a miséria aumentou, isso é sintomático”, argumenta

Como projeto, Karen estima ampliar políticas públicas e pensar na capital de forma mais ampla. Segundo ela, “Porto Alegre não é um problema de gestão, de colocar um gestor do partido A ou do partido B. A cidade é muito condicionada a uma política do governo federal. Nosso ponto de vista é resgatar a dignidade e conseguir pensar a cidade do ponto de vista periférico e de quem trabalha”. 

De acordo com a eleição do último domingo (15), as maiores bancadas ficaram com PSOL, PT e PSDB, com quatro vereadores cada. PTB e MDB tiveram três cadeiras cada. Os partidos NOVO, Republicanos, PDT, PCdoB e PP elegeram dois representantes. DEM, PRTB, PSL, PL, PSD, Cidadania, Solidariedade e PSB ficaram com uma vaga cada.

Apoio a Manuela D’Ávila (PCdoB) 

“Declaramos nosso apoio a Manuela (PCdoB). A gente sabe que tem definições brutais entre um programa e outro, e a necessidade de fortalecer um campo que a gente consiga dialogar, construir e cobrar de uma forma mais tranquila do que foi o governo Marchezan. A gente entende que o programa da Manuela e do Rossetto (PT) refletem mais as nossas ambições. Vamos fazer o voto crítico e vamos voltar para a campanha nas ruas”, disse Karen Santos.

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