Até quarta-feira, 688 bloqueios foram desarticulados de acordo com a Polícia Rodoviária Federal. Contudo, ainda existiam outras 146 obstruções das vias federais em 17 estados. Dessas, a maioria se concentram no sul do país, com 34 em Santa Catarina e outros 21 bloqueios no Paraná. E, todo esse entrave se torna um obstáculo no transporte e abastecimento de alimentos para a população.
“A gente está com a comercialização do tomate quase zerada, não há tomate na Ceasa, que é o principal produto, também tivemos refdução na entrada de frutas do nordeste, como abacaxi, melão, mamão e manga. Praticamente, só temos abastecimento normal dos produtos gaúchos, como os vegetais folhosos, pêssego, citrus e parte das bananas, que são aqui do estado”, esclarece o Presidente do Ceasa/RS, Ailton do Santos Machado.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia), caso os bloqueios continuem acontecendo, é possível que haja o desperdício de até 500 mil litros de leite. Podendo levar a prejuízos milionários para a economia, impactos na inflação e aumento da insegurança alimentar da população mais vulnerável .
“(Os bloqueios) estão deixando nossos clientes sem produtos. A procura é muita e não há mercadoria que chegue para os clientes. Todos que vieram aqui (Ceasa) hoje deixaram caminhões vazios e foram sem nada para casa”, salienta o atacadista João Manoel Oliveira Pereira.
Não é a primeira vez que manifestantes interrompem as estradas, prejudicando o abastecimento nacional de produtos que preenchem as mesas dos brasileiros. Em 2018, caminhoneiros fizeram bloqueios por todo o país durante 11 dias consecutivos para protestar contra o aumento no preço do diesel. Porém, a imprevisibilidade dos atos deste ano surpreendeu aos comerciantes.
“Na greve dos caminhoneiros, tinha uma perspectiva e eles (atacadistas e comerciantes) fizeram um estoque um pouco melhor. Bom, aquela manifestação durou 11 dias e também deu um estrago muito feio, mas no início havia esse estoque. Mas, nos protestos deste ano fomos pegos de surpresa, ninguém imaginava que da noite para o dia haveria esse rompimento na estrutura democrática e institucional do país”, explica Machado.
Como muitas das mercadorias comercializadas pelos produtores do Ceasa são produtos naturais que não utilizam refrigeração, normalmente, esses alimentos são colhidos e logo distribuídos. Entretanto, com a interrupção do fluxo das estradas, muita comida irá para o lixo.