O presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso da cloroquina para tratamento de pacientes com Covid-19 no pronunciamento oficial desta quarta-feira (8). Bolsonaro retomou a ideia de que o medicamento pode ser um tratamento eficaz contra o coronavírus, apesar de pesquisas afirmarem que é necessário a análise de caso a caso. Na mesma ocasião ele citou o caso do cardiologista Roberto Kalil, que usou o remédio em seu tratamento e também ministrou para pacientes. Pela primeira vez desde o início da pandemia, o presidente se solidarizou com as famílias das vítimas de Covid-19 no país. Até a manhã desta quinta-feira são registrados 800 mortes pela doença, com quase 16 mil casos já confirmados.
No entanto, o posicionamento presidencial no que diz respeito ao tratamento da covid-19 vai contra o que foi dito pelo próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que na tarde desta quarta-feira voltou a defender o uso da cloroquina apenas para casos graves e com pacientes monitorados durante toda a aplicação. Ainda em sua entrevista, o chefe da pasta citou que os estudos sobre o medicamento ainda estão em fase inicial e são inconclusivos. Bolsonaro revelou uma conversa com o governo da Índia, que também enfrenta a quarentena. Disse que falou com o primeiro ministro do país asiático, Narenda Modi, que garantiu a continuidade de envio de matéria prima para a produção do medicamento, que é utilizado normalmente contra doenças como malária, lúpus e artrites.
Por outro lado, novos estudos da Fundação Oswaldo Cruz constataram que o medicamento Atazanavir, utilizado no tratamento do HIV, foi capaz de inibir a replicação viral, além de reduzir a produção de proteínas que estão ligadas ao processo inflamatório nos pulmões e, portanto, ao agravamento do quadro clínico da doença. Os especialistas também investigaram o uso combinado do atazanavir com o ritonavir, outro medicamento utilizado para combater o HIV.
O pronunciamento também mudou o tom com os governadores: “Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas […] são de responsabilidade exclusiva dos mesmos”, afirmou o presidente, mas faz questão de destacar: “o governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração”. Novamente, se posicionou a favor do fim do isolamento social ao destacar a necessidade de conciliar o salvamento de vidas com a manutenção da ordem econômica no país, argumentando que o desemprego também pode levar à morte.