| Redação RDC TV |

No Programa de Governo elaborado no ano de 2016, prevendo a candidatura do atual prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior, constava como um dos pilares de governança e gestão, o diálogo. Este é apenas um dos itens que constam no documento, que propôs um modelo de gestão dita como “estratégica, com foco nos resultados, mas que seja, antes de tudo, humanizada”.

Também se incluem, no glossário do Programa: proteção e inclusão social, compartilhar o futuro, participação, colaboração, compartilhar responsabilidades, transparência, planejamento, resultado, eficiência, respeito ao dinheiro público, valorização dos servidores, sustentabilidade, entre outros.

Às vésperas de uma nova eleição, que ocorre nos dias 15 e 29 de novembro, a RDC TV conversou com representantes da Câmara dos Vereadores para avaliar se, na opinião dos políticos, os tópicos previstos foram atendidos ao longo dos quatro anos de gestão.

Foram entrevistados vereadores de quatro partidos diferentes, a fim de obter opiniões variadas. São eles: Comandante Nádia (MDB), Mendes Ribeiro (DEM), Aldacir Oliboni (PT) e Roberto Robaina (PSOL).

A Prefeitura de Porto Alegre também foi procurada e se manifestou através de nota.

“Diálogo – Longe de ideologias, vamos dialogar mais e melhor, tomando decisões melhores sobre o que queremos para nossa cidade. A prefeitura precisa ouvir mais para fazer melhor”.

Para a vereadora Comandante Nádia (MDB), Marchezan foi eleito sob o pretexto de uma nova atitude. Em sua opinião, no entanto, a promessa de diálogo não saiu conforme o esperado, principalmente em relação à ausência de representantes do legislativo.

“No início da pandemia, o prefeito criou um gabinete de crise para que entidades e órgãos pudessem ver o que estava acontecendo, mas não disponibilizou nenhuma cadeira para a Câmara de Vereadores. Isso mostra bem a falta de diálogo do prefeito com a Câmara que tem 36 vereadores representando a população de Porto Alegre”, afirmou a vereadora.

O vereador Mendes Ribeiro (DEM) diz que sempre teve seus projetos atendidos pela prefeitura. Contudo, no momento de opinar em relação à gestão, o parlamentar tem opinião contrária.

“Os projetos encaminhados através do meu gabinete sempre tiverem recepção e diálogo. Porém, com relação aos projetos que vieram do executivo, não tivemos voz e nem espaço para opinar ou propor adaptações. O mesmo ocorreu no momento em que mais precisamos dialogar, na maior crise de Porto Alegre, com a pandemia, não tivemos voz e nem espaço de diálogo. Como representantes de segmentos, não fomos ouvidos e nem participamos das decisões”, lembrou o vereador.

Integrante do legislativo, o vereador Aldacir Oliboni (PT), acredita que a “postura autoritária” de Marchezan tenha sido um dos principais fatores que colaboraram com a ausência de diálogo.

“Marchezan não cumpriu uma de suas principais promessas que era o diálogo com o conjunto da cidade. Após tomar posse, estabeleceu uma postura autoritária se negando a conversar com entidades representativas de trabalhadores, conselhos municipais, associações comunitárias e até mesmo os vereadores. Além disso, suspendeu e esvaziou o Orçamento Participativo e outros mecanismos de participação e controle social”, completou.

Roberto Robaina (PSOL) acredita que Marchezan não tenha demonstrado “diálogo nenhum” e que regeu um governo, em sua opinião, marcado por ataques. “O prefeito não teve diálogo. Basta ver o resultado que ele tem hoje. Depois de conseguir maioria na Câmara, ele perdeu todo o apoio pela falta de diálogo. Marchezan começou o governo atacando professores, ao mudar a rotina escolar, e está concluindo seu governo atacando os trabalhadores da saúde”, acrescentou.

“Parte dos vereadores vêm adotando esse discurso de falta de diálogo devido as eleições que se aproximam”, afirma a prefeitura

Buscada pela reportagem da RDC TV, a Prefeitura de Porto Alegre manifestou-se em relação aos tópicos destacados pelos vereadores. Confira a nota oficial na íntegra:

“Desde o início da atual gestão, o governo municipal fez incontáveis reuniões com os vereadores e com diferentes setores econômicos e sociais para discutir as pautas importantes da cidade.

O Executivo aprovou na Câmara desde 2017, com o apoio da maioria dos vereadores, projetos de lei relevantes para a cidade e que estão colaborando para a realização de reformas importantes e o desenvolvimento da Capital, o que também evidencia a convergência do trabalho do Executivo e Legislativo na mesma direção.

Não houve falta de diálogo. Infelizmente, parte dos vereadores vêm adotando esse discurso de falta de diálogo devido as eleições que se aproximam.

Em relação ao Orçamento Participativo, o governo, em parceria com as lideranças do OP, concordou em não aprovar novas demandas para 2018 devido ao déficit histórico existente no sistema. No início de 2017, havia 2.395 demandas atrasadas do OP, sendo necessário R$ 1,5 bilhão para executar o que foi gravado no orçamento.

Isso somente gerava expectativas frustradas e não era justo com as pessoas. Em 2019, as assembleias do OP foram retomadas e a gestão destinou R$ 17,8 milhões para demandas novas, além de R$ 5 milhões para conservação permanente em ruas indicadas pelos próprios conselheiros do OP”.

Fonte: Crédito foto: Esteban Duarte/CMPA/Divulgação

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