| Alice Ros |
A Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS) se posicionou contra o reajuste no Salário Mínimo Regional proposto pelo governo do Estado. Na visão da FIERGS, a decisão pode prejudicar a economia gaúcha e a manutenção de empregos, tendo em vista o fechamento de empresas durante a pandemia de Covid-19.
O projeto de lei (PL) foi protocolado na Assembleia Legislativa em 18 de fevereiro, sem regime de urgência. Com a proposta, as cinco faixas salariais ficariam entre R$ R$ 1.292,82 e R$ 1.638,36. O aumento de 4,5% será votado nesta quarta-feira (09) pela Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e do Turismo da Assembleia Legislativa.
Caso a decisão seja aprovada, as empresas serão obrigadas a quitar o piso salarial pendente desde fevereiro. Segundo o diretor da FIERGS, Guilherme Scozziero, o Estado não tem condições de arcar com os gastos previstos no PL.
“O salário mínimo regional atende, basicamente, as categorias não sindicalizadas. Então, estão incluídos os empregados domésticos. As pessoas já estão passando por uma dificuldade tremenda, muitas com redução de salário, jornada e uma série de coisas. Se aprovado, elas teriam que voltam e recompor o salário desde fevereiro. Ou seja, algo passivo para ser pago”, afirmou Scozziero em entrevista ao Portal RDC (09).
A FIERGS estima que o Rio Grande do Sul perdeu 130 mil empregos em 2020. Com a retração econômica, o aumento no salário mínimo regional seria mais um fator para interferir na contratação formal. “Estamos em um ano especialmente difícil por conta da pandemia. Falar em qualquer tipo de aumento de salário agora, em um momento que as empresas, de maneira geral, estão fazendo um esforço muito grande para se manterem abertas, parece contrassenso. Quanto mais regras você tem para isso, mais você estimula a informalidade”, ponderou o diretor.
O Rio Grande do Sul está entre os cinco estados brasileiros que pagam o piso salarial regional, junto com Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Em 2019, o valor regional sofreu reajuste de 3,4%, passando de R$ 1.237,15 e R$ 1.567,81.
Para Scozziero, não é possível estipular um novo reajuste sem a demanda de empregos. “O aumento de salários tem que vir pelo aquecimento da economia. Isso tem que ser postergado para um momento pós-pandemia”, concluiu.