De braços abertos para o sucesso, o filme é um show à parte. I Wanna Dance with Somebody é um palco de boas atuações, um ritmo dinâmico e um desfecho satisfatório. Você não precisa conhecer a história de Whitney Houston para se sentir incluído no enredo e apreciar a jornada da cantora, que vive – assim como a maioria dos artistas – os conflitos de ser uma grande estrela, uma das maiores de sua geração.

Roteirizado por Anthony McCarten – o mesmo de Bohemian Rhapsody – o longa começa mostrando a infância da protagonista, que por intermédio de sua mãe, começa a entrar no mundo da música, mostrando um imenso talento desde cedo. Somos apresentados a interpretação de Naomi Ackie como Whitney, que manda bem no papel e transmite uma veracidade logo nas primeiras cenas; seus dilemas, seu romance proibido, até mesmo suas primeiras apresentações, todas elas muito bem amarradas com um roteiro que seja onde quer chegar, um bom ritmo bem dinâmico, que não perde tempo e também consegue desenvolver bem seus personagens.

Foto: Divulgação/ Sony 

Além de Naomi, outro destaque é Stanley Tucci que faz o agente Clive Davis; bem relevante à trama, ele é um dos pontos altos do filme, e sua relação com a protagonista rende ótimos momentos. Aliás, bons momentos é o que não faltam, principalmente com as cenas de apresentações da cantora, que representam períodos cruciais da sua carreira.

Todos os personagens coadjuvantes têm seu devido destaque em pontos específicos do longa, como a infância e adolescência, muito ligada a imagem da sua mãe Cissy Houston (Tamara Tunie) e seu interesse amoroso, Robyn Crawford (Nafessa Williams), até sua fase já como uma cantora estabelecida com Bobby Brown (Ashton Sanders). Essas passagens de tempo acontecem de forma muito natural, apesar da dificuldade da diretora em situar o telespectador em alguns momentos, principalmente para quem não conhece tão afundo a história da cantora.

Foto: Divulgação/ Sony 

Por falar em direção, Kasi Lemmons estrutura um filme que contempla a imagem da cantora. O foco está nas grandes realizações e a progressão narrativa acontece em torno delas; não há aqui uma grande inovação, sugerindo mais um compilado de melhores momentos do que algo realmente novo. O designer de produção e o figurino são outro ponto alto do filme, que contempla bem a imagem de Whitney Houston e todas as suas particularidades.

Já os momentos mais delicados da cantora são pincelados de maneira mais superficial, retratando a imagem da cantora com uma visão mais contemplativa. O que a propósito não é um problema, já que as biografias – geralmente – representam o legado dos artistas. O final é satisfatório, e segue de maneira segura, até seus últimos momentos como a estrela que sempre se propôs a ser.

Foto: Divulgação/ Sony 

I Wanna Dance with Somebody é um filme que cativa, apesar da estrutura familiar. Para os fãs, é um presente revisitar a história da cantora, que tem tudo para ser recebida de braços abertos pelo público e até pela crítica, já que tem importantes qualidades que acabam se sobressaindo aos problemas. Para os mais céticos, a falta de um maior aprofundamento em questões mais delicadas e a superficialidade de alguns conflitos podem incomodar, mas não tiram o brilho do filme, que de fato é um show à parte, tanto tecnicamente como estruturalmente. Não é perfeito, não inova, mas faz aquilo que precisa ser feito: Contar a história de Whitney Houston de maneira satisfatória.

Por: Matheus Furtado

Nota:

Compartilhe essa notícia: