Até pouco tempo, as principais vítimas de sequestro eram feitas de carne, osso e pelos. Não existia outro tipo de assalto que não o físico, e os criminosos, embora escondessem o rosto, precisavam expor a voz e as pistolas. Hoje, nada mais disso é necessário. Ainda que facas e revólveres continuem sendo eficazes, as armas que vem infligindo mais danos à sociedade são o mouse e o teclado.

De acordo com dados do Panorama de Ameaças Cibernéticas no Brasil, desenvolvida pelo FortiGuard Labs, houveram 41 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos em 2020 na América Latina. Desse total, 8,4 bilhões ocorreram no Brasil, tornando o país um dos alvos preferidos dos hackers.

No dia 28 de abril de 2021, o  Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) foi um dos órgãos públicos que entrou para essa estatística. “Foi uma invasão sem precedentes que impossibilitou o acesso ao nosso sistema”, relata o desembargador Antonio Amaro da Silveira. Segundo o TJ-RS, As investigações quanto à origem do ataque seguem em andamento.

A situação das instituições privadas também é preocupante. Segundo um levantamento divulgado pelo grupo Mz, com base em dados levantados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), agência regulada pelo Ministério da Economia, as notificações relativas a ataques cibernéticos contra empresas brasileiras cresceram 220% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2020.

E os cidadãos comuns, como ficam ?

Não é segredo que a pandemia foi um grande influenciador no crescimento dos ataques no mundo virtual. Com a adesão forçada ao home office e a permanência das pessoas em casa, as histórias de vizinhos e parentes que sofreram golpes nas redes se disseminaram tanto quanto o coronavírus.

“Basicamente, existem dois tipos de ataques a indivíduos: as invasões hackers e os que as pessoas se deixam invadir ao doarem seus dados a desconhecidos”, afirma Gabriela Totti, consultora de privacidade e proteção de dados. Para evitar a segunda modalidade, é preciso redobrar a atenção ao receber mensagens demandando dinheiro ou informações em troca de facilidades – como promoções, por exemplo. “No Brasil, diferentemente de outros países, nós ainda não temos essa cultura de se proteger contra ataques cibernéticos. A gente sai clicando em tudo”, ressalta.

Caso o golpe aconteça, é preciso manter a calma e agir o mais rápido possível, especialmente quando ataque ocorre via WhatsApp. “No momento em que a vítima percebe o ataque, o primeiro passo é ir às redes sociais e avisar seus contatos”, lembra Emerson Wendt, delegado especialista em crimes cibernéticos. Em seguida, deve ser registrada a ocorrência online no site delegaciaonline.rs.gov.br. Por fim, segundo 0 delegado, é fundamental entrar em contato com o suporte do WhatsApp e comunicar o ocorrido.

 

Foto: Reprodução

 

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