Foto: PF / CP

A Polícia Federal deflagrou a operação Symbolic nesta quarta-feira (7), com ênfase no combate a fraudes cambiais, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. Os crimes foram cometidos no mercado de intermediação de pagamentos para plataformas de apostas e de investimentos no exterior. O principal investigado é um empresário gaúcho que movimentou, entre 2019 e 2023, cerca de R$ 15 bilhões.

O suspeito tem 39 anos e mora em Montevidéu, no Uruguai. Ele é natural de Santana do Livramento, na fronteira Oeste, onde administra cinco empresas. Uma sexta companhia dele tem sede em Curitiba, no Paraná. A PF chegou a prender o executivo em maio de 2023, durante a Operação Harvest, mas ele foi solto e responde em liberdade.

As diligências nesta manhã ocorreram em Curitiba, Campinas (SP) e São Paulo (SP). Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, além de ordens de indisponibilidade de bens e de valores que atingiram aproximadamente R$ 620 milhões. Três pistolas de calibre 9 milímetros, de uso restrito, foram apreendidas.

As medidas foram expedidas pela 22ª Vara da Justiça Federal em Porto Alegre e tiveram como foco pessoas que auxiliavam nas rotinas das transações financeiras, mediante fraudes cambiais. Segundo a PF, o grupo atuava na intermediação de pagamentos vinculados a casas de apostas e plataformas de investimento do exterior, tendo estruturado processos de envio informal de dinheiro ao exterior e de lavagem de dinheiro. A investigação aponta que o empresário gaúcho também atuava junto a comparsas radicados na Argentina e na Espanha.

As remessas de dinheiro ao exterior ocorriam de modo informal ou irregular, via dólar-cabo ou mercado de criptoativos. O esquema contava com um fundo estrangeiro, responsável pela compensação remota de pagamentos no exterior. Paralelamente, os investigados tinham o apoio de uma exchange de criptoativos, ou seja, uma pessoa física para efetuar a remessa de valores ao exterior de maneira informal. A organização ainda usava o mercado de câmbio formal para documentar o envio do dinheiro para outros países. O objetivo era dar aparência de regularidade às operações. Uma corretora e um banco de câmbio estão sendo investigados por possível envolvimento nesses processos.

Além disso, empresas não diretamente ligadas à organização eram usadas para movimentar parcelas dos recursos para burlar os sistemas de controle e de compliance dos bancos, bem como dissimular essas movimentações financeiras. Há suspeitas de que essas ferramentas de intermediação financeira serviam para a lavagem dos capitais.

Os investigados também reinvestiram, por conta própria, os recursos dos clientes brasileiros, tanto no mercado financeiro formal quanto em criptoativos. As transações foram feitas sem a devida autorização do Banco Central ou dos clientes, e sem qualquer respaldo financeiro de garantia. Como resultado, há inúmeros relatos de pessoas que não receberam seus créditos ou resgates por parte dessas empresas.

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