Pesquisadores do Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre, encontraram o primeiro caso de reinfecção pelas variantes P.1 e P.2 do SARS-CoV-2, vírus causador da Covid-19. As análises foram coletadas em um paciente de Campo Bom. 

Os estudos indicam que a variante P.1, inicialmente encontrada em Manaus, chegou em solo gaúcho mais cedo do que os pesquisadores acreditavam. A primeira amostra, identificada com a variante P.1, foi coletada em 30 de novembro do ano passado, cerca de dois meses antes da disseminação da cepa no Rio Grande do Sul. O primeiro caso reconhecido de infecção por P.1 foi divulgado no Boletim Genômico do governo estadual, em 12 de fevereiro. O paciente, morador de Gramado, faleceu aos 88 anos.

Os pesquisadores afirmam que não foi possível encontrar a fonte exata de transmissão da P.1, pois o paciente infectado manteve contato com outros pacientes contaminados pelo vírus nos dias anteriores à coleta do material. De acordo com o levantamento feito pelo laboratório, o paciente de Campo Bom foi um caso isolado de contágio por P.1.

A segunda amostra foi coletada em março e apontou um caso de reinfecção do paciente, infectado com a variante P.2, identificada no Rio de Janeiro. Segundo o coordenador da Rede Corona-ômica BR-MCTI e professor do mestrado em Virologia da Universidade Feevale, Fernando Spilki, o caso precoce de P.1 não deve ter sido o causador da sua disseminação no Estado. “A P.1 só veio a se alastrar, mesmo, de final de janeiro em diante, ou seja, fatores sociais como veraneio, carnaval, entre outros, devem ter influenciado esse quadro”, explica. 

O Laboratório de Microbiologia Molecular da Universidade Feevale integra a Rede Corona-ômica BR-MCTI, iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para monitorar a variação genética do SARS-CoV-2 no território nacional. O caso é considerado a primeira reinfecção detectada pelas duas variantes brasileiras. Ambas possuem mutações similares na proteína Spike, o principal alvo dos anticorpos formados contra o SARS-CoV-2.

As sequências genômicas encontradas pelo laboratório estão disponíveis em bancos de dados internacionais. 

Foto: REUTERS/Shannon Stapleton

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