| Lívia Rossa |
A Prefeitura de Porto Alegre, nesta terça-feira (23), impôs novas restrições à circulação de pessoas e às atividades econômicas na cidade em tentativa de barrar a ocupação de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
O decreto 20.625 foi publicado em edição extra do Diário Oficial de Porto Alegre (Dopa) e as novas regras têm início a partir desta quarta-feira (24), iniciando pelos estabelecimentos de comércio e serviços. Na quinta-feira (25), as restrições se aplicam ao setor de alimentação e, na sexta-feira (26), à indústria e à construção civil.
As alterações acontecem em momento que os setores estavam recém se reorganizando. A combinação entre cuidados com saúde e preservação da economia geraram discussão na Câmara de Vereadores.
O vereador Mendes Ribeiro (DEM) entende que as restrições são punitivas a uma cidade que respeitou, logo no início da pandemia, em março, as medidas de segurança para dar tempo de reorganizar o sistema de saúde e acredita que os empresários não deveriam ser prejudicados pelo sentimento de insegurança
“Esse abre-e-fecha é a pior coisa que poderia acontecer, já que os empreendedores estavam se organizando para a abertura”, acrescenta. Mendes Ribeiro diz também que os empresários estão dispostos a contribuir no resguardo à vida e que preferem ajudar na abertura de leitos a permanecerem fechados.
Aldacir Oliboni (PT) avalia que no início da pandemia o isolamento social foi um ponto acertado, mas que no decorrer do tempo não foi apresentado um plano de ação no combate ao coronavírus e esse segue sendo o maior problema. Ele acha que tomar medidas de controle de isolamento são importantes, mas a falta de compra de equipamentos é inadmissível.
Na avaliação do vereador Mendes Ribeiro (DEM), o direcionamento de recursos em saúde não foi feito como deveria e, em sua opinião, por não haver investimento em estrutura hospitalar, a “culpa” acaba recaindo sobre a abertura das empresas. Ele diz que Porto Alegre precisaria que, pelo menos, mais 300 leitos fossem abertos para a capital não entrar na bandeira vermelha.
“Quem acaba pagando é quem está trabalhando, mas precisamos ir na solução do problema abrindo leitos, comprando equipamentos e contratando profissionais de saúde”, completa.
Dados oficiais da Prefeitura de Porto Alegre indicam que já foram abertos 89 novos leitos de UTIs na Capital somente para combater a Covid-19 (60 no Hospital de Clínicas e 29 no Grupo Hospitalar Conceição). Nessa semana, foram 36 novos leitos de UTI (20 no HCPA e 16 no Grupo Hospitalar Conceição) e mais 28 na Santa Casa de Misericórdia, totalizando 153 novos leitos.
O vereador Aldacir Oliboni (PT), no entanto, diz que os números são insuficientes, já que, pelo fato de os hospitais Conceição e Clínicas serem mantidos por verba federal, é impossível que atendam só a cidade de Porto Alegre.
Assim, acredita que devesse haver investimento massivo em leitos de Unidade de Tratamento Intensivo (UTI). Ele também condena a ausência de compra de respiradores para estruturar a saúde pública.
“Porto Alegre não tem nem hospital de campanha pronto e os leitos de UTI são a última oportunidade dos pacientes e, portanto, são de extrema importância”, afirma o vereador.
Outro problema percebido é a carência de equipamentos como máscaras e álcool gel para os profissionais de saúde, os chamados Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O uso de testes para pessoas da área, na visão de Oliboni, precisava ser aplicado obrigatoriamente. “Em três meses de pandemia não chegamos a 18 mil testagens, é lamentável”, acrescenta.
Ausência de transparência sobre os gastos aumenta desinformação
Na avaliação do vereador Mendes Ribeiro (DEM), que vê o novo decreto com preocupação, existe um problema na transparência em relação aos gastos da prefeitura, já que não é divulgado o destino dos recursos. Para ele, fica difícil saber o que já foi feito, desorientando a população.
“Precisamos saber onde a prefeitura investiu para dar estabilidade para o porto alegrense. Como os empreendedores irão se preparar em meio à inconstância?”, questiona Mendes Ribeiro.
Em relação à transparência de dados, o vereador Aldacir Oliboni (PT) concorda que não são disponibilizadas as informações sobre o destino dos recursos e que, com o número de mortos aumentando a cada dia, o acesso deveria ter sido liberado.
Oliboni vê a recuada como necessária, mas que a culpa da situação estar se agravando se dá pela falta de planejamento. “Percebemos que o Marchezan está bastante perdido e não consegue dar segurança à população, principalmente porque não investe no que deveria, em políticas contra o coronavírus”, completa.
Crédito foto: Divulgação/HCPA/RDC TV