| Mélani Ruppenthal |
A história do Legislativo Municipal de Porto Alegre teve início no ano de 1773, mas a participação das mulheres nesse espaço de poder levou quase dois séculos para acontecer. Já nas últimas duas décadas, o número de candidaturas femininas triplicou em Porto Alegre. No entanto, as mulheres não conseguiram se eleger na mesma proporção, conquistando, em média, apenas 14,8% das vagas na Câmara.
Em um panorama nacional, a cada 10 candidatos a vereador nas 26 capitais do país, apenas 3 eram mulheres. Nessa eleição, 13% das pessoas que concorriam às prefeituras e 34% das que concorriam às câmaras municipais são mulheres. Aqui no Rio Grande do Sul, a realidade é de 123, ou seja, apenas 9,11% candidaturas à prefeitura, 236 à vice e quase 11 mil à vereança.
Em contrapartida, a eleição de 2020 colocou Porto Alegre como a capital com a maior representatividade feminina na Câmara de Vereadores: 11 das 36 vagas serão ocupadas por mulheres, o que equivale a 30,55%. Esse movimento foi percebido em todas as demais capitais do país, que elegeram mulheres vereadoras, como apontam os dados do Tribunal Superior Eleitoral. Uma mudança percebida desde a última eleição, quando Cuiabá só elegeu homens ao Legislativo Municipal.
Além disso, em seis capitais, as mulheres ficaram em primeiro lugar entre os vereadores eleitos. Isso aconteceu na capital gaúcha, com a expressiva votação de Karen Santos, do PSOL, de 15.702 votos que a colocaram na posição mais votada. Foram 822 candidatos disputando 36 cadeiras, sendo 270 deles mulheres, o que corresponde a 32, 8%. Além de Porto Alegre, as capitais Aracaju, Belo Horizonte, Curitiba, Recife e Rio Branco também tiveram em primeiro lugar uma vereadora mais votada.
Depois de Porto Alegre, as capitais com maior proporção de mulheres são Belo Horizonte, com 26,83% das vagas, e Natal, que aparece com 24,14%.
Na outra ponta do ranking está João Pessoa, com apenas 1 das 27 cadeiras que será ocupada por uma mulher, o que representa 3,7% do total.
Lembrando que essa é a terceira eleição municipal com a vigência da lei que estabelece que “cada partido ou coligação preencherá o mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo”.
Dessa forma, além do índice em Porto Alegre ser o maior do Brasil entre todas as capitais, e também o maior da história das mulheres no parlamento municipal desde que a primeira vereadora, Julieta Battistioli, que concorreu pelo PSP, foi eleita como suplente, em 1947, tornando a eleição de 2020 histórica.
Foto: Maurecy Santos / Memorial/CMPA