No primeiro dia de agendas na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP26), em Glasgow, na Escócia, o governador Eduardo Leite destacou a necessidade de Estados tomarem as rédeas no que diz respeito à preservação ambiental. Em um dia de intensa agenda de reuniões de trabalho nesta quarta-feira (3/11), Leite explicou que uma das principais funções de um evento como este é apresentar uma sociedade organizada e os governos estaduais também mobilizados em uma mesma direção: a da sustentabilidade ambiental e a de combate aos efeitos das mudanças climáticas.
“Especialmente diante de uma falta de coordenação de políticas ambientais em nível nacional, estamos trabalhando na lógica de fazermos a nossa coordenação e nos ajustarmos, junto à sociedade, para apresentarmos isso ao mundo. Os Estados estão fazendo um grande esforço para coordenar diretamente esse processo. Formamos um consórcio com mais de 20 Estados brasileiros, o Consórcio Brasil Verde, para fazer essa coordenação de políticas públicas para sustentabilidade ambiental, transição energética e combate às mudanças climáticas. E estamos apresentando isso para investidores, para outros governos, para o mundo, buscando diminuir os problemas gerados pela imagem ruim que se constituiu do Brasil nos últimos anos”, detalhou o governador.
Além da responsabilidade para com o planeta, Leite ressaltou que o momento é de oportunidade econômica para o país. “Circulando por aqui, você vê a quantidade de investimentos, com a iniciativa presente e mobilizada para obter energia limpa, a garantia de alimentos produzidos com respeito ao meio ambiente. O Brasil precisa se inserir nesse contexto”, destacou.
No RS, mais de 80% da energia é gerada por fontes renováveis. Mesmo assim, garante o governador, o objetivo é aumentar esse percentual. O investimento na ampliação da energia eólica e na geração de hidrogênio verde, por exemplo, são oportunidades que estão sendo avaliadas pelo Estado.
“A partir da energia eólica que temos no RS, podemos ser produtores de hidrogênio verde, uma nova fonte de energia que cada vez mais vem sendo observada no mundo como uma oportunidade para gerar energia de fonte confiável, segura, e ambientalmente responsável. O RS ainda tem capacidade de expandir fortemente a energia eólica, mercado interno robusto para consumo desse hidrogênio, tem capacidade de ser um gerador de hidrogênio verde, não somente para o seu consumo, mas também para exportação”, detalhou, adiantando que, nas próximas semanas, o RS assinará alguns memorandos para inserir o RS no contexto da geração de hidrogênio verde.
Durante o dia, o governador circulou pelos diversos pavilhões da COP26 e teve reuniões com ambientalistas e investidores. A primeira reunião foi com a ex-ministra do Meio Ambiente (de 2010 a 2016) Izabella Teixeira, conselheira do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), co-chair do Painel Internacional de Recursos Naturais da Organização Unidas (ONU), membro do Conselho Consultivo de Alto Nível da Departamento das Nações Unidas para Assuntos Econômicos e Sociais e presidente de Honra do Conselho de Meio Ambiente da Associação Comercial do Rio de Janeiro.
“Conversamos sobre as necessárias ações para recuperar a credibilidade internacional do Brasil e sobre a oportunidade econômica que temos em relação ao tema ambiental para reposicionar o Brasil. Além disso, todas as ações de governo necessárias para que a gente consiga ter a melhor coordenação federativa entre governo federal e Estados, a partir de instrumentos e ferramentas tecnológicas já disponíveis, para que tenhamos alinhamento de estratégias e, assim, fazer com que o Brasil consiga cumprir metas assumidas com a comunidade internacional”, disse o governador.
De acordo com Izabella, o Brasil perdeu o rumo no debate ambiental e passou, de um dos países mais respeitados na discussão, a um país sem metas definidas e que afrouxou legislações a ponto de prejudicar as políticas de combate ao desmatamento. “Temos de repensar a gestão ambiental. Identificar nossos problemas, inclusive para além do desmatamento, e repensar a trajetória, a reorganização do sistema ambiental. Precisamos entender nossos interesses e qual será nosso papel nessa discussão”, explicou.
Leite também se encontrou com a diretora de programas internacionais da Agora Energiewende, Jesse Scott, que lidera o trabalho na transição energética nas grandes economias emergentes. A Agora é um dos mais importantes think tanks alemães no campo da transição energética na Europa.
Em seguida, reuniu-se com Laurance Tubiana, CEO da Fundação Europeia do Clima (ECF) e presidente do Conselho de Administração da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD). Laurence foi uma das principais articuladoras do Acordo de Paris
Ainda, encontrou-se com Nick Mabey, diretor executivo do think tank E3G (Third Generation Environmentalism) e ex- consultor sênior na Unidade de Estratégia do primeiro-ministro do Reino Unido. Além do papel de liderança, ele se ocupa de questões de diplomacia climática, política externa, política europeia e as implicações de segurança das mudanças climáticas e escassez de recursos.
Por fim, se reuniu com representantes do Conselho Global de Energia Eólica e com membros do Juventude pelo Clima (Fridays for Future), movimento internacional de estudantes mobilizado pela causa climática.
“Foi um dia bastante produtivo dentro da lógica de nos apresentarmos e apresentarmos o que o RS está fazendo em relação às mudanças climáticas, nossa política de meio ambiente, e também a oportunidade de beber na fonte do conhecimento sobre as informações com as quais o mundo se alinha e sobre as políticas públicas dedicadas à questão”, enfatizou Leite.
O governador permanece na Escócia nesta quinta (4/11) e sexta-feira (5), com retorno ao Brasil previsto para sábado (6). Os secretários Artur Lemos Júnior (Casa Civil) e Luiz Henrique Viana (Meio Ambiente e Infraestrutura) também integram a comitiva estadual.
Fonte: GOV RS
Foto: Maurício Tonetto / Palácio Piratini