Estilo arrasa quarteirão

Ao contrário de outros países, que mantêm a serenidade, o Brasil provoca surtos durante a pandemia. Ontem, o líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros, do Progressistas do Paraná, criticou o Poder Judiciário, dizendo que chegará um momento em que as decisões judiciais “simplesmente” não serão mais cumpridas.

A ameaça de desrespeito foi feita durante evento organizado pelo jornal Correio Braziliense e pela Confederação Nacional da Indústria, ao comentar a determinação do Supremo Tribunal Federal para que o governo realize o censo demográfico em 2022.

Ditando regras

Barros criticou a decisão dizendo que “ninguém vai abrir a porta para o recenseador no meio da pandemia. O Judiciário vai ter que se acomodar nesse avançar nas prerrogativas do Executivo e Legislativo. Vai chegar uma hora em que vamos dizer ao Judiciário que simplesmente não vamos cumprir mais. Vocês cuidam dos seus que eu cuido do nosso. Não dá mais simplesmente para cumprir as decisões porque elas não têm nenhum fundamento, nenhum sentido, nenhum senso prático”.

O deputado disse ainda ser preciso enfrentar o que chamou de “classe de inimputáveis”, composta, segundo ele, por promotores, juízes e auditores fiscais que “fazem o que querem”. “Se um promotor te ofender, não acontece nada. O Brasil tem que enfrentar isso”, completou.

Perguntas

O que dirão os pais para os filhos aos quais ensinam que a autoridade deve ser respeitada e que esse é o princípio para uma sociedade civilizada? O que concluirão estudantes das Faculdades de Direito que consolidam os conhecimentos de que sentença judicial não se discute, aplica-se.

O País saiu dos trilhos.

Morno                    

A reação do presidente do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux, ao líder do governo, ontem, foi tímida: “O respeito a decisões judiciais é pressuposto do Estado Democrático de Direito.” Espera-se mais.

Subindo

Desde outubro de 2016, a gasolina aumentou 73% e o diesel, 54%. O botijão de gás de 13 quilos chega a custar até 120 reais. Sobre os índices, em recente depoimento na Comissão de Legislação Participativa da Câmara dos Deputados, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, declarou:

“Essa política de preço visa principalmente à maximização dos lucros e geração de dividendos para os acionistas, sobretudo os minoritários, em detrimento da população brasileira que paga preços exorbitantes com os aumentos sucessivos dos combustíveis. Facilita o processo de privatização das nossas refinarias, tirando a possibilidade de pensar numa política de preço que seja justa para os brasileiros.”

A direção da Petrobras deveria responder, mas até agora silencia.

Migração

O prefeito de Passo Fundo, Pedro Almeida, e o ex-prefeito Luciano Azevedo anunciaram, ontem, a saída do PSB. Em uma nota, afirmaram que não concordam com os movimentos do partido, que demonstra tendência muito forte à esquerda. Acrescentaram: “Somos contra a polarização e o radicalismo. Não queremos ódio e nem brigas, queremos convergência e diálogo. Queremos um caminho de centro, que seja bom para a maioria e bom para o Brasil”.

Trocou a rota

A tendência é de que Almeida e Azevedo se filiem ao Partido Social Democrático, fundado em 2011 por Gilberto Kassab, ex-prefeito de São Paulo. Passo Fundo era a principal cidade administrada pelo PSB no Estado.

Desde que o ex-deputado federal Beto Albuquerque perdeu a eleição para presidência do diretório estadual, em 2017, o PSB se distanciou do tom conciliatório.

Compartilhe essa notícia: