
Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
Ao subir a rampa do Palácio do Planalto acompanhado de representantes de diversos setores da sociedade, Lula tinha a seu lado Raoni Metuktire, de 90 anos, líder do povo Kayapó. A cena pode ter dado esperanças aos povos indígenas do Brasil, mas a realidade parece não ter mudado muito.
Dos últimos sete governos brasileiros, cinco foram de esquerda e tiveram a causa indígena como bandeira, mesmo assim, a situação segue difícil.
Logo no primeiro mês de seu novo mandato, Lula decretou de situação de emergência no território Yanomami. Mesmo assim, o Planalto enfrenta dificuldades em conter a mortalidade do povo indígena, com números preocupantes registrados em 2023.
Segundo o Ministério da Saúde, foram documentadas 308 mortes na Terra Indígena Yanomami nos primeiros 11 meses do ano passado, com o dado mais recente abrangendo até 30 de novembro e excluindo os casos de dezembro. Esse número representa uma redução em relação ao ano anterior, quando houve 343 óbitos no total. Entretanto, agravando a situação, mais da metade das vítimas (162) são crianças de 0 a 4 anos, incluindo 104 bebês de até um ano, o que corresponde a mais de um terço dos casos.
A mortalidade infantil no território Yanomami atinge níveis comparáveis aos dos países com os piores índices do mundo. Em 2020, ano mais recente com dados disponíveis, a taxa de mortalidade de bebês com menos de um ano foi de 114,3 para cada mil nascidos vivos, quase dez vezes superior à do Brasil (11,5).
O número de mortes na região cresceu significativamente no segundo semestre de 2023, evidenciando uma escalada preocupante. Até 23 de junho, foram registrados 136 óbitos, enquanto nos cinco meses subsequentes houve um aumento para 172 ocorrências. Além disso, casos de malária, gripe e doenças diarreicas também apresentaram crescimento durante o período.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manifestou comprometimento em enfrentar a questão, declarando: “Vamos tomar todas as atitudes para tirar os garimpeiros ilegais e cuidar dos Yanomamis”. Essa afirmação, feita em 30 de janeiro de 2023, foi uma resposta à comoção nacional e internacional provocada por imagens de indígenas Yanomamis desnutridos e de garimpeiros invadindo suas terras na Amazônia. Na ocasião, o governo anunciou a criação de um comitê de crise e a declaração de estado de emergência em saúde pública, comprometendo-se a tratar a questão indígena como uma prioridade de Estado.
Apesar das promessas reiteradas pelo presidente, documentos, relatos e imagens continuam apontando uma situação alarmante na região, demonstrando a necessidade urgente de ações eficazes para proteger a vida e o bem-estar dos Yanomamis.


