O assunto do momento no Brasil é a CPI da Covid-19, já escrevi aqui duas vezes sobre este tema e inclusive a nominei como “CPI da vergonha”, uma vez que está clara a sua intenção e os seus protagonistas. Toda a semana essa CPI, por uma razão ou outra, chega aos “trendtopics” do Tweeter, ocupa as manchetes dos jornais e alimenta as redes sociais. É guerra de torcida.

Na semana passada quando o General Pazuello , ex ministro da saúde, era inquirido, lá pelas tantas fez uso da palavra a Senadora Leila Barros. Manifestava-se de tal modo agressivo que o presidente da Comissão (a quem não se pode atribuir imparcialidade porque também constrange testemunhas), chamou a atenção da parlamentar. Foi o que bastou para muitas militantes feministas enxergarem por ali “machismo”.

Ontem, foi convocada para depor a médica Mayara Pinheiro, que exerce o cargo de secretária de gestão o trabalho do Ministério da Saúde – e que jocosamente foi apelidada pelos opositores do governo de “capitã cloroquina’. No depoimento a doutora Mayara foi atacada, constrangida, em vários momentos num evidente assédio moral. À parte de ter se saído muito bem, não vi nenhuma das defensoras dos direitos femininos acorrerem em defesa da médica. Por que isso?

O feminismo é um movimento político social, e filosófico que em linhas gerais nasce a partir do final do século XIX, início do século XX. Advoga igualdades de direito entre mulheres e homens: o direito ao sufrágio universal, os direitos trabalhistas, enfim pautas importantes, civilizatórias (e em relação as quais tenho total concordância). Só que o feminismo, a partir dos anos 60, do século XX, desenvolveu uma vertente ligada ao que o filósofo brasileiro José Guilherme Merchior chamou de neossocialismo. Nesse movimento político, vieram outras pautas identitárias: o racismo, a homofobia, o classicismo, a colonização, o ambientalismo, todas sem dúvida legitimas, mas neste caso carregadas de ideologia. Portanto, e neste sentido, esses movimentos agora vinculados a esta vertente acabaram por expressar a matriz sua ideológica marxista, por sua vez politicamente materializada em determinados partidos com tal ideário.

Se nós formos estudar o tema feminismo, existem vários tipos de feminismo, vinculados inclusive a outras matizes ideológicos, existe o feminismo liberal, o feminismo conservador. Mas se, a pedra de toque do feminismo é a bem vinda igualdade de gênero, por que a suposta reprimenda a Senadora merece repulsa à doutora Mayara não?

A resposta deixa clara que tudo é uma questão de militância ideológica, de disputa política: para muitas, mais importante que ser mulher é ser a mulher do meu lado.

É certo isso?

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