A vereadora de Porto Alegre Maria de Lourdes dos Santos Sprenger (MDB) se tornou ré na Justiça do Rio Grande do Sul pelos crimes de injúria racial e prática discriminatória. A denúncia do Ministério Público (MP) contra ela foi aceita pela Justiça em 15 de abril.
De acordo com a acusação do MP, em 2023, a parlamentar teria proferido ofensas racistas e de intolerância religiosa contra um servidor público negro da Câmara de Vereadores e feito falas discriminatórias contra três estagiárias com deficiência. Por telefone, ao site g1, a vereadora disse que a acusação “não é verdade, não há provas, é um disse-me-disse”.
“Não há verdades nestas denúncias, são palavras de pessoas que eu exonerei. Porque tenho uma forma de administrar. Essas pessoas ficaram magoadas. Uma delas perdeu o FG (função gratificada). Coloquei uma forma de administrar, não houve aceitação e eu não vou entrar em conflito. Estou segura que esta acusação não procede. Entrarei e contato com o advogado que tem me acompanhado nesse caso e vou fazer minha defesa. Não há nenhum problema”, disse Lourdes Sprenger.
Já a Câmara de Vereadores disse que aguarda o desfecho do processo na Justiça para avaliar a situação e, então, adotar alguma medida, se for o caso. O vereador Mauro Pinheiro (Progressistas), atual presidente da Casa, disse que, até terça-feira, 23/04, não havia sido protocolada nenhuma denúncia junto ao Legislativo Municipal.
Conforme a investigação da Polícia Civil, o conflito teria começado porque a vereadora entendia que as estagiárias, lotadas na Escola do Legislativo, seriam inaptas para as funções que foram contratadas e que o servidor público, que ocupava função gratificada de chefia delas, ainda assim, queria mantê-las nas posições.
Provas reunidas pela investigação fizeram com que o MP entendesse que, durante reuniões com assessores, a vereadora “praticou, induziu e incitou discriminação” contra as estagiárias ao chamá-las de “debilóides” e dizer que não teriam “condições de exercer as funções para as quais foram contratadas”.
Em outras ocasiões, segundo investigação da Polícia Civil, Lourdes Sprenger teria se referido ao servidor público, que tinha função gratificada na escola desde 2017 e acabou sendo exonerado da função em outubro de 2023 por determinação da vereadora em função do episódio, como “aquele professor preto, sujo e burro”. Além disso, teria feito referência ao fato dele ser praticante ou admirador de religião de matriz africana.
As situações teriam sido repetido em outras ocasiões ao longo de 2023.
Quem é a vereadora? Eleita com a bandeira da causa animal, Lourdes Sprenger (MDB) é vereadora no exercício do terceiro mandato em Porto Alegre. Natural de Gravataí, é contadora e fez carreira profissional como auditora em estatal.