Por Valter Nagelstein

 

O transporte público coletivo é um meio essencial para o funcionamento não só das cidades, mas da sociedade. As nossas cidades são compostas de moradias e vias. Desde o advento da Segunda Revolução Industrial, metrôs e ônibus se constituíram nos principais meios de transporte coletivo. Cidades como Londres e Paris têm metro há mais de cem anos. O metro de Londres, por exemplo, data de 1890, o de Paris data de 1900. Nova York inaugurou o seu metrô em 1904.

O Brasil é um país de industrialização tardia, assim como a urbanização do país também é um fenômeno relativamente recente. Até a década de 1950, 80% da população economicamente ativa do país vivia nas zonas rurais. Os maiores centros urbanos do Brasil cresceram desordenadamente nestes últimos cinquenta anos, acompanhando uma inversão da população economicamente ativa, que hoje ao contrário do que era no passado, está 80% nas cidades.

Enquanto que nos países que referi no inicio o metrô já existisse desde os anos 1900, no Brasil somente na década de 1950 é que outro modal, o modal rodoviário, começou a se desenvolver. Embora tivéssemos ferrovias intermunicipais implantadas ainda na década de 30 do século passado, metrô, entretanto, nunca foi um meio de transporte de massa nas populosas cidades brasileiras. Muito recentemente, a partir da década de 70, é que São Paulo começou a investir em metrôs e depois o Rio de Janeiro. Algumas outras cidades dispõem de algumas poucas linhas de metrô, mas a matriz principal do transporte público brasileiro é o ônibus.

O fato é que, neste momento histórico, o ônibus, nos seus pouco mais de 70 anos de uso para o fim de transporte de massas, chega a uma encruzilhada. O desenvolvimento de novas tecnologias de transporte como aplicativos, o acesso a meios como a motocicleta, retiram pessoas dos ônibus e torna insustentável a manutenção ou a qualificação dos serviços. Assim, o sistema entrou em uma espiral negativa. Em qualquer cidade do mundo os modais de transporte coletivo precisam de subvenção estatal para se manterem operacionais.

Este é o grande desafio que não é só de Porto Alegre, e de todas as cidades brasileiras: como garantir a preços justos e razoáveis o acesso às pessoas a algo que é essencial à própria vida nas cidades?
Você tem a resposta?

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