Moisés Machado

Foto: Giovanna Kops / RDCTV

SOMOS TODOS CANALHAS

A canalhice nada mais é que um estado de espírito. Todo ser humano é canalha.

Todos, sem exceções.

Em algum momento da vida todos são, foram ou serão vítimas de um canalha. Mas isso faz parte da faculdade da vida, embora algumas pessoas tenham pós e doutorado no assunto, pelo menos a graduação é inerente à todos os sapiens.

Há quem jure juradinho não gostar de canalhas e renegue na sua vida a presença de um. Porém, como o ser humano é 89% fruto do seu inconsciente, quase sempre está apaixonado por um e simplesmente não vê em sua vida a presença de um Steve Rogers, às vezes flerta com um Aldo Raine, mas sempre haverá um 007, afinal como resistir ao James Bond de Pierce Brosnan. Ou, pior, um Juan Antônio, joga no Google Vicky Cristina Barcelona. Isso sim, pode ser grave, mas é um caso mais amplo, para os discípulos de Freud.

E se todos são, foram, ou serão vítimas de um canalha, também é certo que todos são, foram ou serão canalhas em algum momento da vida, afinal, isto daqui é uma via de mão dupla. Ao fim de um relacionamento, na falta de reciprocidade, na mágoa mal curada. A canalhice nada mais é que o fruto do desamor. O ser em estado de canalhice não ama, mas não necessariamente o canalha não apaixona-se.

Em síntese, Diego ama Mônica , que ama Pedro, Mônica é canalha com Diego, por que não ama, mas não é com Pedro. Pedro, não ama Mônica e é canalha com ela, mas não é com Ana. E por sua vez Diego, que ama Mônica, pode ser o canalha na vida de Joana, Catarina, Daniela ou com a Taís do 404. Enfim, é a vida, só isso e nada mais.

Ninguém é obrigado a amar ninguém só porque esse alguém o ama. Amor é mais que isso, aliás, deve ser mais que isso. Aquele cara, aquela mina que você diz que não presta, que é um idiota, uma vagabunda, ele, ela, apenas não te amam, apenas isso.

Aquilo que te embrulha o estômago é o hambúrguer estragado do Mc Donald´’s, o amor é outra coisa. O que te tira do chão e te leva para lugares que nunca esteve, é avião. O amor é, sempre foi e sempre será, outra coisa.

O que é? Não sei e você também não.

Há o canalha profissional que faz de tudo para não se apaixonar, mas até o canalha não é infalível. Há quem goste e trabalhe na sua personalidade canalha, isso por múltiplos fatores, sociais, psicológicos, sentimentais, comportamentais, etc. Mas, até esse vez por outra falha, falha porque apaixona-se.

Há o canalha fracassado e volúvel que sempre acaba sendo canalha sem querer, por não gostar. Mas volta e meia apaixona-se e acaba provando do próprio veneno.

E, há o canalha por ocasião, despeitado e com amores mal resolvidos, esse normalmente atingido por canalhas, torna-se um e sai dando rajadas de canalhice aos quatro ventos. E há o Maicon, que é um fodido o tempo todo.

O tempo passa, cura as cicatrizes e adormece a canalhice, ou então apaixona-se, o melhor remédio para os canalhas, desde que correspondido. Mas entenda, você não pode curar um canalha, quem costuma ser alvo de cafajestes é aquela pessoa que se imagina sendo capaz de mudar o jeito do outro. Há também aquela que abusa da ingenuidade e carente acredita em tudo sem notar as contradições e prefere embarcar em algo que nitidamente não tem futuro, mergulhando de cabeça, sem notar os sinais que asseguram o rumo que o falso relacionamento está tomando. Mas, se você tocar um coração canalha, você apenas o remediou-o.

Mas entenda depende muito mais da sorte do que de suas ações. Sabe a química? Pois é, é isso, dois olhos brilham, enamoram-se, pele que arrepia e tudo aquilo que você já deve ter vivido algumas vezes na vida. Se não viveu, aconselho.

Porém, se você toca o outro e ele não toca você, passa a ser você para ele o canalha da história. Uma inversão de papéis, apenas porque canalhice é fruto do desamor, do desencontro, do não gostar. Se você não ama, inconscientemente será canalha, para o outro. Se não é amado, o outro será canalha, para você. Mas nenhum dos dois de fato é.

A canalhice mora no amor desencontrado. A canalhice só tem fim em dois corações que se beijam, em duas almas que se tocam. A criptonita da canalhice é a reciprocidade.

Enquanto isso não ocorre, somos, fomos ou seremos todos canalhas. E não há o menor problema nisso, a vida é feita de aprendizados. Ninguém morre de desamor, ninguém morre por um ou uma canalha, no máximo algumas doses de Whisky, ouvindo Marília Mendonça.

Até a primeira notificação do Tinder.

E aí, seja racional, use camisinha e filtro solar.

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