Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil já ultrapassa em 30 milhões o número de pessoas acima dos 60 anos de idade. A expectativa é que, a partir de 2039, o país tenha mais pessoas idosas do que crianças na sua configuração populacional.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que até 2050, o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil vai triplicar, ocupando o posto de sexto país com a população mais idosa do planeta.

Com o aumento da quantidade de pessoas com mais de 60 anos há uma demanda maior de atenção a esse grupo e a campanha Junho Violeta visa justamente sensibilizar a sociedade sobre a promoção e defesa da dignidade da pessoa idosa.

Para conscientizar a população Paulo Viana entrevistou o Dr Virgílio olsen, Chefe do Servico de Geriatria e Coordenador Assistencial do Ensino da Santa Casa de Porto Alegre, Professor de Geriatria da UFCSPA que respondeu algumas das perguntas mais frequentes sobre o tema.

O que é violência contra a pessoa idosa e quais os tipos?

A violência contra a pessoa idosa não é só uma agressão física ou verbal, como muitos podem pensar. Qualquer ato, que pode ser único ou repetido, ou ainda a falta de uma ação apropriada, que quebre a confiança gerando dano ou sofrimento é entendido como uma violência a pessoa idosa.

Como identificar a violência contra a pessoa idosa?

Devemos estar atento aos diferentes tipos de violência (negligência, psicológica, física e exploração financeira). Além da observação direta da relação entre a pessoa idosa e familiarees/ cuidadores precisamos estar atento a lesões de pele lacerações, hematomas, queimaduras de origem mal explicada e em localizações não usuais; fraturas de ossos longos em espiral e fraturas outras que não punho, quadril e vértebras, mandíbula ou zigomático

Direitos e garantias da pessoa idosa?

A pessoa idosa tem os seus direitos garantidos pelo estatuto do Idoso, publicado na Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003. A partir dele a família, a sociedade e poder público devem assegurar a pessoa idosa o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária.

Qual o dever dos órgãos públicos, sociedade e da família no cuidado e na defesa da violência contra a pessoa idosa?

A família é o principal unidade de cuidado a pessoa idosa. Entender as necessidades e fornece-las é fundamental. A sociedade e os órgão públicos atuam como provedores desses cuidados.

É dever de todos o cuidado com a pessoa idosa. Todos devemos comunicar as autoridades ao entender que a pessoa idosa se encontra uma posição de risco.

Como agir diante da violência contra a pessoa idosa?

No estado do Rio Grande do Sul os principais canais para atendimento e denúncia de qualquer tipo de violência contra o idosos estão listados abaixo:

  • Disque Direitos Humanos – Disque 100
  • Autoridade Policial – Disque 190
  • Aplicativo Proteja Brasil
  • Humaniza Redes
  • Unidades municipais de saúde.
  • Ministério Público
  • Conselho Municipal do Idoso
  • Conselho Estadual do Idoso
  • Conselho Nacional do Idoso

Qual a pena para quem pratica violência contra a pessoa idosa?

As penalidades variam conforme a gravidade da violência praticada. A pena aplicada a abandono de idosos em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência ou o não provimento de suas necessidades básicas é detenção de 6 meses até 3 anos e multa.

Expor a perigo a integridade e a saúde física ou psíquica do idoso prevê detenção de 2 meses até 1 ano. Reter cartão magnético de conta bancária relativa a benefícios ou pensões, bem como qualquer outro documento com o objetivo de assegurar recebimento ou ressarcimento de dívida, prevê detenção de 6 meses até 2 anos e multa.

Como prevenir a violência contra a pessoa idosa e onde procurar ajuda?

O primeiro passo é identificar as pessoas idosas com maior risco de estar sofrendo violência. Os principais fatores de risco são dependência funcional, saúde física precária, comprometimento cognitivo, baixa renda e isolamento social.
Por exemplo, em relação aos cuidadores de pacientes dependentes, com muitas demandas de cuidado, com declínio cognitivo ou demência é extremamente relevante identificar a presença de sobrecarga do cuidador.

Estratégias direcionadas para reduzir a sua sobrecarga incluem a divisão de responsabilidades com outros familiares (quando o cuidador é um filho ou um neto, por exemplo), utilização de serviços de limpeza e de preparação de refeições, centros-dia para os idosos e encaminhamento para grupos de suporte ao cuidador quando esses estiverem disponíveis.

É importante que o cuidador seja orientado a respeito das principais dificuldades no manejo de pacientes dependentes, principalmente quando isso ocorre agudamente – situação em que a família não costuma estar preparada para as novas demandas de cuidado

A prevenção à violência contra a pessoa idosa é um papel de todos?

Além dos profissionais de saúde, profissionais de qualquer área que tenham contato com a população idosa, como atendentes de banco, correios, policiais, devem estar cientes da existência desse problema para reconhecimento precoce.

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